O Governo luxemburguês está preocupado com os estrangeiros idosos que habitam no país.
A ministra da Família, Marie-Josée Jacobs durante um encontro promovido para debater a situação deste segmento da população, garantiu que é necessário ir ao encontro dos idosos que muitas vezes vivem no silêncio, mas que revelam grandes carências. Neste sentido, a responsável pela pasta da família, diz que "é necessário implementar uma série de medidas sociais para fazer face a esta realidade".
Para uma troca de ideias e partilha de experiências sobre esta matéria, o ministério da Família convidou Ali Agraniou, coordenador do programa suíço "Seniors d'ici et d’ailleurs". Um programa bem sucedido que foi posto em prática pela associação "Pro Senectuté", a Cruz Vermelha e a Câmara de Genebra. Para Agraniou, é fundamental retirar os idosos estrangeiros da solidão em que vivem, promover a sua integração na sociedade e informá-los dos direitos e regalias a que têm direito.
Actualmente, os estrangeiros idosos com mais de 60 anos representam 9 % da população luxemburguesa, mas tendo em conta a evolução da migração esta percentagem vai aumentar nos próximos anos.
A partir de 1981, a imigração toma novos contornos, para além do aspecto económico os imigrantes começam a ter em conta outros aspectos importantes e as perspectivas a médio prazo cedem lugar ás de longo prazo. Desta forma, muitas são as famílias que se instalam definitivamente no Luxemburgo e não regressão ao seu país de origem. Os estrangeiros idosos que representam 9 % da população são de origem portuguesa, italiana, francesa ou belga. Assim, as instituições de apoio à terceira idade, sejam centros de dia ou lares, devem estar preparados para este multiculturalismo na terceira idade.
Segundo o sociólogo Paul Estgen é necessário preparar e fomentar uma convivência saudável entre luxemburgueses e estrangeiros na terceira idade. Apesar de o Luxemburgo dispor de vários organismos de apoio à terceira idade, são poucos os imigrantes que os frequentam. Muitos não o fazem por falta de informação, outros devido à barreira linguística.
Na realidade, os idosos estrangeiros não sabem falar luxemburguês e têm poucos conhecimentos da língua francesa dificultando a comunicação com os outros utentes e com os funcionários. Para Paul Estgen, outro aspecto a ter em conta é a cultura de cada nacionalidade. No seio da comunidade portuguesa é frequente que os idosos fiquem a viver na casa dos filhos, são poucos os que optam pelos lares.
Para este sociólogo, o objectivo não passa por demonstrar que os lares de terceira idade são a melhor ou a única solução para quem já atingiu a idade da reforma, mas proporcionar aos estrangeiros uma vida com qualidade e que ninguém fique esquecido.
Aneli Silva
Foto: Marc Wilwert
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