O Governo de Marrocos manifestou terça-feira “espanto” e “decepção” pelo conteúdo do voto de solidariedade aprovado no Parlamento português em 27 de Novembro e relacionado com a situação da activista pela independência do Saara Ocidental, Aminatu Haidar.
“O Governo de Marrocos exprime o seu espanto e decepção na sequência da aprovação, recente, pelo Parlamento português, de uma moção inamistosa e relacionada com a denominada Aminatu Haiar”, refere um comunicado oficial.
“Esta atitude infeliz e inoportuna, independentemente das condições em que foi desencadeada e das modalidades da sua aprovação, suscitam a reprovação por parte de todas as forças vivas do Reino (de Marrocos), tendo em consideração as relações de amizade e respeito mútuo que sempre existiram entre os dois países”, precisa o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação marroquino, citado pela agência Maghreb Arab Presse (MAP).
Em qualquer caso, e ainda de acordo com o texto oficial, “a aprovação desta moção, que ignora os verdadeiros motivos de Aminatu Haidar e seus correligionários, apenas poderá ser contraprodutiva”.
No passado dia 27 de Novembro, o Parlamento português aprovou um voto de solidariedade proposto pelo PCP para com Aminatu Haidar, com a abstenção do PS, PSD e CDS-PP.
“A Assembleia da República manifesta a sua solidariedade com a activista dos direitos humanos sarauís Aminatu Haidar e pugna pelo cumprimento dos direitos humanos e das resoluções aprovadas pelas Nações Unidas”, referia o voto, proposto pela bancada comunista.
O texto aprovado sublinha que a activista, detentora do “Prémio da Coragem Civil 2009”, “foi obrigada a embarcar num avião para Lanzarote” e que “todos os seus documentos lhe foram retirados pelas autoridades marroquinas”, estando desde o dia 14 de Novembro em greve de fome no aeroporto de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.
O Governo marroquino confiscou-lhe o passaporte, quando Haidar se recusou a definir-se oficialmente como marroquina. A activista sarauí pretende regressar a Laayoune, no Saara Ocidental, a sua terra natal.
Hoje, anunciou que recusa submeter-se a cuidados médicos, apesar da contínua deterioração do seu estado de saúde. Vinte e dois dias após o início do protesto, Haidar voltou a reafirmar a recusa em ingerir qualquer alimento, apenas aceitando água com açúcar.
O Governo de Espanha já afirmou que o protesto de Haidar não vai deteriorar as suas relações com Marrocos, apesar das contínuas manifestações de solidariedade. O escritor português e Nobel da Literatura José Saramago, o actor espanhol Javier Bardem e o realizador Pedro Almodovar incluem-se entre as personagens que já manifestaram apoio ao protesto de Aminatu Haidar.
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