O presidente do Movimento para a Democracia (MpD, oposição) negou hoje as acusações de “tentativa de divisão do país” feitas na sexta-feira pelo líder do PAICV, na abertura do Congresso do partido no poder em Cabo Verde.
Carlos Veiga disse que, “em momento algum”, fez discursos para dividir país e que o facto de falar o Crioulo de todas as ilhas “é uma estratégia que aprendeu com Amílcar Cabral”, o “pai” das independências da Guiné e Cabo Verde.
“Cabral dizia que devíamos adaptarmo-nos à audiência. Portanto, se estou em São Vicente e sei falar o crioulo do Barlavento, considero-me feliz por isso, tal como sei falar o Crioulo do Sotavento e esforço-me por falar o crioulo do Fogo, para chegar mais perto das pessoas”, explicou.
Na sexta-feira, na abertura do XII Congresso do PAICV, José Maria Neves, também primeiro-ministro, acusou Carlos Veiga de tentar dividir as ilhas de Cabo Verde para tirar proveito no duplo embate eleitoral do início de 2011 – legislativas e presidenciais -, apelidando-o de “democrata de papel”.
O presidente do PAICV, acusando Carlos Veiga de "manipular a opinião pública”, afirmou que o seu partido “não pode aceitar que nenhum líder político, por mais iluminado que seja, divida as ilhas” de Cabo Verde entre “lobos e cordeiros” e que ninguém, “por mais iluminado que seja”, possa dividir estas ilhas em “pedras e garrafas”.
Crítico perante a forma de actuar do líder do maior partido da oposição, José Maria Neves afirmou que, em Cabo Verde, “todos os partidos políticos são pessoas de bem”, sublinhando que já está ultrapassado “o tempo do ódio, vingança, intolerância e falta de convivência política”.
Durante parte da sua intervenção, José Maria Neves teceu duras críticas a Carlos Veiga, alegando que a diversidade territorial de Cabo Verde simboliza uma riqueza extraordinária e que os cabo-verdianos merecem um governo “que pense na construção de igualdade de oportunidades, virada para a dinâmica do desenvolvimento local e regional”.
Hoje, Carlos Veiga disse considerar-se “um cidadão de Cabo Verde” e afirmou que a sua vivência o fez ter uma ligação muito forte com todas as partes do país e que, ao contrário da opinião de José Maria Neves, o facto de falar o Crioulo em função do local “não serve para dividir o país, mas sim para o unir”.
Carlos Veiga disse ainda que José Maria Neves e o PAICV “estão muito preocupados com o MpD” e “despreocupados com os problemas” do país, defendendo que pretendem “distrair as pessoas com esse discurso”.
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