O ano de 2009 deverá revelar-se um ano magro para o mercado imobiliário. No entanto, embora distante dos volumes de negócios atingidos entre 2000 e 2007, o ano passado, contrariamente às expectativas, não foi tão devastador. Apesar de o sector financeiro estar muito vulnerável, o mercado imobiliário de escritórios reagiu melhor do que se esperava em 2008, indica a Jones Lang Lasalle Luxembourg, empresa especializada em serviços de imobiliário e gestão de investimento. A procura de escritórios no Luxemburgo diminuiu "apenas" 22 %, uma percentagem inferior à de muitos outros mercados europeus e a actividade de investimento, embora baixa, manteve-se estável graças aos investidores locais à procura de oportunidades no mercado actual.
De acordo com Olivier Bastin, o Luxemburgo resistiu melhor à crise que os outros mercados europeus. "Embora a taxa de ocupação tenha aumentado 5,3 %, continua pouco elevada a nível europeu", sublinha o director geral da Jones Lang Lasalle. "Contrariamente ao que se pensava de início, não assistimos à utilização do subarrendamento pelo sector financeiro de muitos espaços de escritórios. Há mesmo novos imóveis que vieram para o mercado", acrescenta este responsável.
A nível do mercado de arrendamento, a ocupação atingiu 100.525 m2 em 2009, ou seja 59 % a menos relativamente a 2008, um ano que tinha sido dominado por importantes transacções realizadas entre as instituições europeias e as administrações luxemburguesas. No entanto, se compararmos estes números com a média relativa aos últimos cinco anos, a taxa de ocupação diminuiu 38 % em termos de volume. Em 2009, o número total de arrendamentos e de vendas para ocupação particular diminuiu 9 % em relação à média dos últimos cinco anos.
2010: Menos incertezas do que no ano passado
Do lado das empresas, embora distante das actividades em 2006-2007, a taxa de ocupação apenas diminuiu 22 % a nível anual, o que demonstra, de acordo com Olivier Bastin, "a forte resistência das sociedades sediadas no Luxemburgo".
"Temos uma actividade que está em consonância com o que conhecemos antes do boom do mercado imobiliário", clarifica Bastin. A taxa de entrega aumentou em 2009: 142.000 m2 de espaços de escritórios novos, de entre os quais não menos de 50 % não estava ocupado aquando da entrega.
Olivier Bastin vê sobretudo sinais encorajadores para o ano 2010. "A confiança das empresas aumentou neste início de ano. As nossas equipas têm hoje em mãos sociedades que apresentam novamente projectos, que têm certas visões daquilo que querem atingir em 2010 em termos de mercado imobiliário. Mesmo que esteja claro que 2010 vai ser um ano difícil, há menos incertezas que no ano passado."
Mesmo que 2010 venha a ser um novo ano difícil, há sinais encorajadores para os próximos meses. Para Olivier Bastin, há pelos menos quatro boas razões para estarmos optimistas: entre elas figuram as "taxas de crescimento que voltam a estar positivas, uma situação invejável antes do início da crise", mas também o fenómeno da auto-regulação do mercado: "os novos produtos especulativos tornar-se-ão raros a partir do momento em que os produtos actualmente em construção tenham sido entregues. Os promotores são prudentes e têm dificuldades em financiar-se", sublinhou Bastin. Finalmente, uma última razão: a presença de dinheiro para investir no mercado luxemburguês, quer seja pelos investidores locais ou internacionais.
Cristina Campos
Foto: Serge Waldbillig
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