Helena André, ministra da Segurança Social e do Trabalho portuguesa, encontrou-se em Barcelona com os seus homólogos luxemburgueses, Nicolas Schmit e Mars di Bartolomeo. Os responsáveis políticos trocaram impressões sobre o desemprego dos portugueses no Grão-Ducado (Foto: Sip)
Os ministros do Trabalho do Luxemburgo e de Portugal (na foto) encontraram-se, na semana passada, em Barcelona, à margem da Cimeira Informal de ministros da UE.
Na agenda, os dois ministros tinham a situação dos trabalhadores portugueses, sobretudo os do sector da construção civil, que constituem o grosso dos desempregados inscritos na ADEM (Administração do Emprego).
Em Barcelona, os dois ministros acordaram constituir um grupo de trabalho que vai avaliar a situação e encontrar soluções para fazer face à situação dos portugueses.
Christophe Schiltz, chefe de Gabinete do ministro do Trabalho luxemburguês, confirmou ao CONTACTO que os dois ministros falaram sobre a possibilidade da formação profissional dos portugueses ser feita em português, mas que "essa é uma questão que vai agora ser estudada no âmbito do grupo de trabalho que foi criado".
Sem data marcada para o início das reuniões, o chefe de Gabinete do ministro Nicolas Schmit reconhece que é particularmente difícil para os trabalhadores portugueses do sector da construção civil encontrarem um novo trabalho ou mesmo recorrer à formação profissional.
"Os portugueses que trabalham nas obras têm baixas qualificações, só falam praticamente português e o francês é muito deficiente. Assim é muito difícil poderem aceder à formação profissional".
Em Lisboa, o Gabinete da ministra diz que este grupo de trabalho pretende "facilitar uma mobilidade de trabalho de qualidade entre os dois países e articular as intervenções de formação profissional, quer no combate ao desemprego, quer numa facilitação maior da integração no mercado de trabalho".
Recorde-se que os representantes da central sindical luxemburguesa OGB-L pediram na semana passada à ministra do Trabalho e da Solidariedade Social portuguesa, Helena André, a colaboração de Portugal na formação profissional dos emigrantes portugueses desempregados no Luxemburgo.
Os responsáveis do sindicato luxemburguês estiveram reunidos em Lisboa com a ministra do Trabalho e na altura os sindicalistas puseram o dedo na ferida: "Temos um problema muito concreto: os portugueses falam a língua portuguesa, mas não falam as outras. Os professores (da formação profissional) são todos de língua luxemburguesa, francesa ou alemã. Como é que vão comunicar?", questionou à saída do encontro Carlos Pereira, dirigente da OGB-L.
Os sindicalistas do OGB-L pediram ao Governo português "uma colaboração mais forte com Portugal", chegando mesmo a pedir que alguns técnicos portugueses se desloquem ao Luxemburgo para que possam dar formação profissional em português – uma proposta que o sindicato vem fazendo desde 2008. Segundo o sindicato, a ministra portuguesa foi receptiva à proposta da OGBL.
A taxa de desemprego dos portugueses no Grão-Ducado é elevadíssima. De acordo com Carlos Pereira, um em cada três desempregados no Luxemburgo é português. "Dos 20 mil desempregados, uma terça parte é de nacionalidade portuguesa".
Dados da ADEM revelam que actualmente estão 3.700 portugueses desempregados no país.
Em Barcelona ficou já agendado um segundo encontro entre os ministros do trabalho dos dois países. Uma reunião que, segundo informação recolhida junto do Gabinete da ministra Helena André deverá acontecer durante a deslocação ao Conselho Europeu do emprego agendado para 8 de Junho.
Em matéria de Segurança Social, o Ministério do Trabalho em Lisboa garante que também está prevista para Abril uma reunião, "decorrente de uma iniciativa já anterior, que deverá ser uma segunda etapa de negociações para agilização da coordenação dos regimes de Segurança Social, nomeadamente em matéria de pensões".
Domingos Martins
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