sexta-feira, 19 de março de 2010

Festival das Migrações: Salão do Livro à procura do reconhecimento das autoridades culturais

Lançado no ano 2000, o Salão do Livro e das Culturas, integrado no Festival das Migrações, tem crescido de ano para ano, granjeando a simpatia e o carinho do público e alcançando o sucesso e a legitimidade de um Salão do Livro que nunca existiu a nível nacional no Grão-Ducado.

"É com satisfação que chegamos a este 10° aniversário. Quando lançámos o Salão do Livro nunca pensámos chegar a uma décima edição, dados os custos que desde logo o projecto acarretou. O salão é algo muito dispendioso que absorve quase um terço do orçamento global do festival, ou seja, cerca de 120 mil euros dos 400 que custa o festival. Até agora temos apenas contado com um subsídio por parte do Ministério da Integração e da autarquia da capital. O Ministério da Cultura não reconhece o nosso salão e apesar dos pedidos insistentes, os subsídios desse Ministério também nunca chegaram", diz Jean-Philippe Ruiz, do CLAE.

"Este Salão do Livro emana da nossa maneira de pensar as culturas presentes no Luxemburgo. Não é um certame para profissionais, os escritores e autores convidados são-no através das associações participantes no festival. Claro que sabemos que este não é um salão como os das grandes cidades europeias como Paris ou Frankfurt. Apesar disso, saliente-se que enquanto no último Salão do Livro de Paris estiveram 80 escritores convidados, o nosso contará este ano com mais de uma centena de escritores, vindos dos quatro cantos do mundo", faz questão de precisar Ruiz.

"A própria maneira como concebemos o certame é próprio à filosofia que lhe queremos imprimir. Não existem espaços nacionais, mas por línguas: temos as literaturas hispânicas, lusófonas, francófonas, anglófonas... As literaturas são por definição espaços abertos propícios às interpenetrações e à interculturalidade. É disso que queremos que o salão seja o reflexo, algo a que poderíamos chamar ‘as modernas humanidades’, ou seja, uma outra forma de apreender o mundo e os outros", diz Ruiz..

O Salão do Livro e das Culturas abre oficialmente esta sexta-feira às 18h e prolonga-se até domingo à mesma hora. O certame conta este ano com mais de 100 escritores, dos quais cerca de meia dúzia representando a Lusofonia, 40 debates e encontros literários, 20 espaços literários e cerca de 30 mil livros. A Formosa (Taiwan) participa pela primeira vez no salão. Em anos anteriores, o certame recebeu uma média de 10 mil visitantes por dia.

JLC

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