Mais de 60 mil estudantes portugueses e luso-descendentes têm aulas de português no estrangeiro promovidas pelo Governo, que apenas assegura o ensino da língua portuguesa na Europa, África do Sul, Namíbia e Suazilândia.
No resto do mundo, o ensino do português é garantido por associações portuguesas e pelos pais dos alunos, mas o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, prometeu que vai alargar a rede do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) aos EUA, ao Canadá e à Venezuela.
Na Europa, existem atualmente 58.306 crianças e jovens a frequentar o EPE, enquanto na África do Sul, Namíbia e Suazilândia o número de alunos é de 3.600, segundo dados oficiais.
Cabe ao Governo português assegurar nesses países a contratação dos professores, fornecer material didático e tratar dos locais onde as crianças e os jovens têm aulas de português enquanto língua materna.
Na maioria dos casos, são os próprios países de acolhimento que disponibilizam salas de aulas.
A organização do EPE difere de país para país, respeitando as normas de cada um, havendo algumas especificidades como, na Alemanha, onde a maior parte dos estados assumiu a responsabilidade pelo ensino do português, enquanto outros atribuem subsídios ou cedem espaços para as aulas de português.
Países como a França, o Luxemburgo ou a Alemanha têm ainda o português integrado no seu sistema curricular como língua de opção.
A falta de professores e de apoio do Governo são as principais queixas quanto ao EPE.
Este ano letivo foi marcado pela transferência de tutela do EPE do Ministério da Educação para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, através do Instituto Camões, que tem uma verba de cerca de 33 milhões de euros para o gerir.
No resto do mundo, nomeadamente nos EUA, Canadá, Venezuela e Argentina, são as escolas comunitárias, propriedade de clubes, igrejas e associações que organizam o ano letivo e contratam os professores.
Professores nesses países lamentam o "abandono" do Governo português, sublinhando que só nos Estados Unidos existem cerca de 17 mil alunos de português.
Na Venezuela, a polémica instalou-se em março de 2008 quando o Governo de Hugo Chavez anunciou que queria incluir a língua portuguesa como disciplina opcional no currículo oficial, mas debatia-se com o problema da falta de professores de português.
Na altura, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, João Gomes Cravinho, fez saber que Portugal não tinha dinheiro disponível para apoiar essa iniciativa.
Dias depois, o secretário de Estado das Comunidades disse à Lusa que a solução poderia passar por uma reorganização do ensino da língua no estrangeiro.
Numa tentativa de fazer chegar o ensino de português a todos os países do mundo, o Governo criou em outubro de 2005 a "Escola Virtual", onde os alunos transformam o computador numa sala de aulas.
No entanto, este projeto ficou aquém das expetativas, tendo tido a adesão de 3.311 alunos no primeiro ano, quando eram esperados 11 mil.
Além dos alunos provenientes sobretudo das comunidades portuguesas que frequentam o EPE, o Governo tem ainda registos de mais 82 mil alunos de estudos da língua portuguesa, na maioria estrangeiros que querem aprender português.
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