" Esperava que as crianças de origem portuguesa, aqui no Luxemburgo, soubessem pelo menos quem foi o primeiro rei de Portugal, mas não. Ainda mais quando aqui no Luxemburgo há o Grão-Duque, que poderia aguçar o apetite para que os mais novos quisessem saber a história de Portugal, mas não é o caso".
O desabafo é da autora de livros infantis baseados em histórias da História de Portugal, Vanda Furtado Marques.
A autora e contadora de histórias infantis esteve no Luxemburgo durante três dias a convite dos Amigos do 25 de Abril. "O Luxemburgo é um país muito diferente de Portugal: é muito organizado, há menos confusão, é um país muito arrumadinho – não há carros estacionados em cima dos passeios –, mas penso que os imigrantes portugueses devem ter uma vida muito ocupada, trabalham muito e não devem ter tempo para contar histórias aos filhos", observa Vanda Marques.
Há quatro anos, esta mãe de três filhos e professora de História no Ensino Secundário, em Portugal, lançou-se na aventura de contar aos mais novos as aventuras das rainhas e dos reis portugueses."O amor de Pedro e Inês", "O Milagre de Isabel e Dinis" e "A Padeira de Aljubarrota" foram os primeiros três livros que lançou no mercado. Todos fazem parte do Plano Nacional de Leitura.
Depois veio a "Lenda da Fonte da Senhora", "D. Fuas Roupinho", e já tem no prelo a "Herança de Filipa e João" e a história de "D. Nuno Álvares". Histórias de adultos contadas às crianças. " Elas apreendem muito bem as pequenas subtilezas das histórias. Eu trabalho muito com metáforas e nas minhas visitas aos jardins de infância vejo como os mais pequenos apreendem as histórias dos meus livros. Sobretudo, o que diz respeito às Rainhas e aos Reis", afirma a autora.
Com três filhos em casa, Vanda Furtado Marques garante que antes de publicar um novo livro, testa as suas histórias com os filhos: "A minha filha mais nova, a Luísa que tem quatro anos, sabe de cor as histórias. Ela trata os reis e as rainhas como se fossem seus amigos".
Esta foi a primeira vez que Vanda Furtado Marques contou as suas histórias fora de Portugal, mas a autora garante que "gostava de repetir a experiência". "Ir ao encontro das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e levar-lhes a nossa História".
Na deslocação ao Luxemburgo, a autora participou no ateliê de literatura infantil promovido pelo Festival das Migrações e esteve também na escola de Steinfort.
"A LÍNGUA PORTUGUESA DEVE SER AMADA
E DEFENDIDA"
Convidada pela associação Amitiés Portugal - Luxembourg, a autora esteve pela primeira vez no Luxemburgo, onde participou também no Festival das Migrações das Culturas e da Cidadania.
Apesar de licenciada em Direito, com pós-graduação em Sociologia e Comunicação, resolveu dedicar-se incondicionalmente à escrita. Com mais de uma dezena de obras editados, lançou o seu primeiro livro – "A história da pequena estrela" – em 2002, "muito por culpa da minha prima Joana, que me incentivou bastante para escrever", elucida.
"Ser escritor é escrever cartas ao mundo", disse, ao abrir o livro "O menino escritor", que leu para uma plateia de olhos arregalados.
"Quando escrevo vou à terra dos encantos", disse no fim de um diálogo animado com os alunos.
"Nestas idades, as crianças têm uma capacidade extraordinária para se deixarem envolver pela fantasia. Por isso, procuro colocar-me na pele das crianças e, ao mesmo tempo, divertir-me", explica.
"Hoje, deu-me um prazer particular estar pela primeira vez numa escola fora do meu país, já que é uma experiência diferente. Saber que a nossa língua é um factor de união e identidade foi muito gratificante para mim. E disse isso mesmo aos alunos. Adoro a nossa língua e tentei transmitir-lhes a importância de amar, preservar, cuidar e defender este bem importantíssimo que é a nossa língua".
DM/Á. Cruz
Fotos: JLC/Á.Cruz
Muito obrigada á vanda por estar a lutar e a batalhar pela nossa cultura, os portugueses devem amar sempre a sua história e as suas origens, quando abandonemos o nosso país em busca de uma qualidade de vida melhor, não significa que não deixamos de amar o nosso país. Há portugueses que não amam mais a sua terra e o país que os viu nascer, é de lamentar de facto, essas pessoas não têm valores pessoais podem ter um valor material muito grande, mas na sociedade em que vivemos isso não vale nada, aquilo que mais nos valoriza o que somos e não o que temos.
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