O Presidente da República alertou hoje para a persistência de desigualdades sociais, sublinhando a existência de situações de privação ao lado de “casos de riqueza imerecida que nos chocam” e lembrando os rendimentos dos altos dirigentes de empresas.
“A sociedade portuguesa é hoje mais justa do que aquela que existia há 36 anos. No entanto, persistem desigualdades sociais e, sobretudo, situações de pobreza de exclusão que são indignas da memória dos que fizeram a revolução de Abril”, notou o chefe de Estado, numa intervenção na sessão solene na Assembleia da República que assinala a comemoração do XXXVI aniversário do 25 de Abril.
Lembrando que o 25 de Abril foi feito em “nome da liberdade” e de uma sociedade mais justa e solidária, Cavaco Silva reconheceu que é nessas áreas que “porventura” o balanço destas três décadas de democracia se revela “menos conseguido”.
Contudo, frisou, “a sensação de injustiça é tanto maior quanto, ao lado de situações de privação e de grandes dificuldades, deparamos quase todos os dias com casos de riqueza imerecida que nos chocam”.
A este propósito, o Presidente da República recordou uma passagem da sua mensagem de Ano Novo em 2008, quando referiu que “sem pôr em causa o princípio da valorização do mérito e da necessidade de captar os melhores talentos, interrogo-me sobre se os rendimentos auferidos por altos dirigentes de empresas não serão, muitas vezes, injustificados e desproporcionados, face aos salários médios dos seus trabalhadores”.
Reconhecendo que este seu alerta não foi “bem acolhido por alguns”, Cavaco Silva disse não estar surpreendido que “agora sejam muitos os que se mostram indignados” com os prémios, salários e compensações que, segundo a comunicação social, são concedidos a gestores de empresas que beneficiam de situações vantajosas no mercado interno.
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