A comunidade guineense residente em Portugal manifestou hoje em Lisboa "profunda tristeza" e "indignação" pelos recentes acontecimento na Guiné-Bissau, apelando à intervenção da comunidade internacional.
Cerca de 60 guineenses responderam ao apelo da Associação Guineense de Solidariedade Social (AGUINENSO) e manifestaram-se hoje à tarde pela paz, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, seguindo depois para a Embaixada da Guiné-Bissau.
"Trinta e seis anos depois da independência, o país continua a viver permanentemente num ciclo de convulsões. Queremos que haja uma intervenção da comunidade internacional de forma séria. Não basta condenar os acontecimentos como tem sido prática", afirmou o presidente da AGUINENSO, Fernando Ka, em declarações à agência Lusa, reclamando uma intervenção dos "capacetes azuis" das Nações Unidas.
A Guiné-Bissau voltou a passar por momentos de instabilidade no passado dia 01, quando militares liderados pelo antigo chefe da Armada almirante José Américo Bubo Na Tchuto e pelo número dois do Estado Maior General das Forças Armadas, António Indjai, detiveram o primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior, e o CEMGFA, almirante Zamora Induta.
O primeiro ministro acabou por ser libertado horas depois.
No jardim junto ao Mosteiro dos Jerónimos, os manifestantes seguraram faixas onde se podia ler "Fazer política é na assembleia nacional e não nos quartéis", "Forças armadas republicanas já" ou "Queremos que a justiça seja feita pelo ministério da justiça e não pelo ministério da defesa".
"Eu e os meus compatriotas queremos que isto tenha um fim. Porque se continuarmos assim não vamos vencer. Se a tristeza não paga as dividas, o ódio e a vingança também não constituem progresso", afirmou à Lusa João Carlos, a residir em Portugal há 20 anos, acrescentando: "Fico muito triste com mais esta situação".
Outro dos manifestantes, Carlos José, está a residir em Lisboa há seis anos. "Indignado" com o que se passou, afirma que houve um verdadeiro "atropelo à Constituição" do país, o que considera "extremamente grave".
"O país vinha a dar passos consideráveis. Isto indigna-nos bastante", acrescentou.
Para Fernando Ka, é necessária uma "reforma profunda" das forças armadas, responsáveis pela perturbação registada no país. Por outro lado, defendeu que "a paz e a serenidade" são fundamentais para o desenvolvimento da Guiné-Bissau.
"Portugal não pode excluir-se da sua responsabilidade como a potencia colonizadora que foi e a Guiné não pode escudar-se na questão da soberania porque a soberania não existe neste momento. É preciso repor a ordem", criticou.
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