Capoulas Santos, vice-presidente da Comissão Política do PS, afirma que lhe custa que os socialistas tenham o mesmo candidato presidencial que o Bloco de Esquerda, contrapondo que a candidatura ideal deverá disputar o eleitorado do centro.
"Custa-me a acreditar que o candidato do PS possa vir a ser o candidato do Bloco de Esquerda", sustenta Capoulas Santos, um dos dirigentes socialistas considerados mais próximos do secretário geral, José Sócrates.
Estas posições do eurodeputado socialista, que expressam sérias reservas a um apoio do PS à candidatura presidencial de Manuel Alegre, constam de um artigo de opinião publicado no semanário alentejano "Registo" e que foi enviado à agência Lusa.
Para Capoulas dos Santos, "a eleição de Passos Coelho e a derrota de Manuela [Ferreira Leite no PSD] responsabilizam assim ainda mais o PS na questão presidencial".
"Com um CDS consolidado, com um setor do eleitorado radicalizado à esquerda e com um 'liberal' à frente do PSD, o bloco conservador e liberal acantona-se ainda mais à direita, deixando completamente vazio o espaço eleitoral da esquerda moderada e do centro, o tal que só quem o conquista ganha eleições em Portugal", aponta o eurodeputado socialista, que deixa uma advertência aos dirigentes do PS:
"Custa-me por isso a acreditar que o candidato do PS possa vir a ser o candidato do Bloco de Esquerda", salienta.
Na perspetiva do ex-ministro da Agricultura de António Guterres e diretor de várias campanhas de José Sócrates, "arrumada a questão da liderança do PSD, ficou clarificada a questão da governabilidade a curto prazo - isto é, por um ano - mas abriu-se a campanha presidencial".
"E o que é curioso é que se abriu a questão [presidencial] não para os próximos cinco anos, como seria natural, mas para os próximos 15", advoga Capoulas Santos.
Explicando esta sua tese, Capoulas dos Santos refere que em Portugal, "como a história recente demonstra, um Presidente faz facilmente os dois mandatos".
"Cavaco Silva é o primeiro a pôr em causa essa 'lei', com um desempenho sob alguns aspetos desastrado, como o grave episódio das 'escutas' ilustra. É talvez o primeiro presidente a não poder contar como certa a sua reeleição. Se a ganhar - e o PS parece estar a querer dar-lhe uma ajuda - o PSD terá, além do próximo, os dois mandatos seguintes na presidência, pois já todos percebemos que [José Manuel Durão] Barroso vai usar o seu último mandato na Comissão Europeia como a pré campanha das presidenciais de 2016", adverte o eurodeputado do PS.
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