A maior parte dos fogos têm origem em negligência e cerca de um quarto devem-se a acção criminosa, revelou à lusa o director do grupo da GNR que investiga a origem dos incêndios.
Ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR (SEPNA) cabe desenvolver actividades no âmbito da protecção da natureza e do ambiente, desde a floresta, aos resíduos ao património histórico, à caça e à pesca, “num conjunto de actividades que envolve cerca de 800 diplomas legais”.
Relativamente aos fogos, a GNR é responsável, desde 2006, pela parte operacional da defesa da floresta, através de acções de prevenção, fiscalização e investigação das causas dos incêndios florestais e validação das áreas ardidas, um trabalho que, segundo o tenente-coronel Guisante, director do SEPNA, “não é fácil”, mas que tem obtido “resultados extremamente positivos”.
“No apuramento das causas [dos incêndios] temos uma grande fatia que cai na parte da negligência, que ronda os 43 por cento [das ocorrências] no presente ano”, disse à Lusa este responsável.
“Temos outra fatia que cai na parte do incendiarismo puro e duro, aqueles que nós consideramos como uma intervenção dolosa, depois temos também uma fatia que são aqueles que não podemos relacionar directamente com uma causa muito específica, que rondam normalmente os 30 por cento e temos outra mais pequena, que ronda os dois por cento”, relacionada com outras causas, acrescentou.
Em caso de incêndio, os técnicos deste grupo da GNR deslocam-se o mais rapidamente possível ao local para fazer o levantamento da ocorrência e das suas possíveis causas e recolher elemento de prova, relacionando, se for possível, o fogo com os possíveis autores.
O processo é depois encaminhado para as entidades competentes. Em caso de indícios de crime, é à PJ que cabe prosseguir com a investigação criminal.
“Consideramos que fazemos o máximo de esforço necessário não só para identificar as causas como para descobrir os seus autores”, disse, salientando que, mesmo depois deste trabalho, o SEPNA continua a colaborar “com todas as entidades competentes nestas matérias”, para que “essas pessoas sejam identificadas e sejam correlacionadas com os actos que praticam e com os prejuízos materiais que causam, que muitas vezes são elevadíssimos”.
Os militares e civis responsáveis pela análise do que iniciou um determinado incêndio receberam formação da própria PJ e da Autoridade Florestal Nacional (ANF).
“São as pessoas com mais conhecimentos técnicos que existem em Portugal e por isso sabemos que são competentes”, considerou.
O tenente-coronel destacou ainda que a autoridades “não descartam qualquer referência a uma ocorrência que chegue” através de testemunhas, embora “às vezes até de uma forma muito emotiva”.
“É fundamental e importantíssimo que todas as pessoas, seja de que forma for, às vezes até sob a forma de anonimato, participem e colaborem connosco ou com qualquer tipo de entidade ou de autoridade com possibilidades de actuar nesta matéria, de forma a que nós, de uma vez por todas, identificarmos as causas e os autores deste tipo de ocorrências, que são bastante graves em termos dos resultados finais e dos prejuízos pessoais e materiais que originam”, apelou.
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