O filme “Aquele Querido Mês de Agosto”, do cineasta português Miguel Gomes, chega hoje aos ecrãs norte-americanos, depois de ter merecido vários elogios na imprensa nova-iorquina que o considerou um inovador “pós-documentário”.
Na edição desta semana da influente revista The New Yorker, o crítico Richard Brody descreve a segunda longa metragem de Miguel Gomes como “distintamente moderna, com um populismo sincero e clarividente”.
Lançado em 2008, “Meu Querido Mês de Agosto” estará em exibição a partir de hoje, e até 11 de setembro, na Anthology Film Archives, a “cinemateca” de Nova Iorque.
A 17 de setembro será mostrado mais a norte, em Boston, no Harvard Film Archives, juntamente com outros filmes de Miguel Gomes, como “A Cara Que Mereces” e “Entretanto”.
Para este ciclo na cinemateca de Harvard, chamado “A Imaginação Musical de Miguel Gomes”, está anunciada a presença do jovem realizador, nascido em 1972, que irá dar uma “master class”.
O diretor da cinemateca, Haden Guest, afirma que Gomes é “um dos realizadores mais brilhantemente inovadores dentro do género pós-documentário”.
“Nos últimos anos, Portugal reapareceu como um estimulante novo destino no cambiante e sempre imprevisível mapa do cinema mundial, um importante centro de algumas das correntes mais inovadoras dentro da realização contemporânea”, refere.
Juntamente com Pedro Costa e João Pedro Rodrigues, adianta, estão a explorar a tradição portuguesa de “cinema radical”, como antes o fizeram Paulo Rocha ou João César Monteiro, que recentemente foi alvo de um ciclo em Boston em Nova Ioque.
Gomes foi crítico de cinema, antes de dirigir uma série de curtas metragens.
“Aquele Querido Mês de Agosto”, rodado na aldeia de Arganil, combina a história ficcionada de uma família de músicos com um documentário sobre os festivais de verão de música popular e outros hábitos da região, e ainda com um relato das dificuldades de produção do filme.
“A sua paciência e atenção terna aos hábitos, tradições e saber misturam-se com uma sociologia da migração e da xenofobia e um olhar de gravurista para a paisagem circundante”, escreve a New Yorker esta semana.
Também o suplemento de artes do New York Times dedicou uma página aos “pós-documentários” de Gomes e outros realizadores dentro do mesmo género, como C.W. Winter.
“Aquele Querido Mês de Agosto é ao mesmo tempo um musical, um diário de bordo, um melodrama familiar quase incestuoso, um retrato etnográfico das tradições populares portuguesas e das suas próprias sua própria produção caótica”, refere o artigo de Dennis Lim.
“É não apenas inclassificável, mas também instável de momento a momento (…) Gomes quebra categorias, em nome de uma experiência expansiva, caleidoscópica”, refere.
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