quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Homeless World Cup 2010 no Rio de Janeiro de 19 a 26 de Setembro: Luxemburgo vai ao Brasil para "botar" figura


O Luxemburgo ultima os preparativos para a sua segunda participação no "Homeless World Cup", um Mundial de Futebol de Rua para os Sem-Abrigo, que se realiza no Brasil de 19 a 26 de Setembro. Para Saverio Rella, "team manager" da equipa, o evento é um desafio desportivo e social. A equipa procura desesperadamente patrocinadores para pagar as viagens, já que muitos dos contactados recusaram ajudar a financiar o projecto.

Arua foi sempre um dos maiores viveiros do futebol. Muitos dos grandes "craques" mundiais que marcaram a história do desporto-rei saíram da rua – onde jogavam – para os grandes estádios dos quatro cantos do mundo, à imagem de Pélé, Johan Cruyff, Maradona, Eusébio e, mais recentemente, o nosso Cristiano Ronaldo.

O Homeless World Cup é um campeonato de futebol de rua, mas para os sem-abrigo, para muitos cuja vida é dura, incerta e que por vezes está presa por um fio.

O Luxemburgo, longe de ser um "viveiro" de jogadores, encontra-se já na fase final da preparação para a sua segunda participação na competição, que terá lugar no Rio de Janeiro, entre 19 e 26 de Setembro.

A edição do ano passado teve lugar em Milão. A equipa que representou o Luxemburgo ficou no 30° lugar entre as 48 participantes.

Para Saverio Rella, responsável da equipa, "a participação neste mundial é ao mesmo tempo um desafio desportivo e social". "No ano passado a competição acabou por servir de integração na sociedade para os jogadores que estiveram em Milão. Alguns deles encontraram trabalho e hoje estão bem na vida, o que foi muito gratificante", revela.

"Este ano esperemos que aconteça o mesmo e que possamos ficar entre o primeiros 24 classificados. Temos trabalhado bem desde o mês de Março e, desde então, já passaram pela equipa 75 jogadores, dos quais tivemos que escolher apenas oito", explica Saverio. "Mas, por vezes, o trabalho de enquadramento é complicado. No entanto, a disciplina é importante e muitos, que nunca conheceram limites na vida, não sabem o que isso significa", diz.

Quanto a jogos de preparação, a equipa já participou em seis torneios diferentes e ganhou quatro taças, o que representa um saldo bastante positivo.




O treinador, Domenico Laporta, tem mostrado uma dedicação inexcedível nos treinos e acompanhamento dos jogadores. Ao CONTACTO, Laporta sublinhou que "a preparação não foi a melhor porque muitos dos jogadores não vêm regularmente aos treinos e a motivação nem sempre é a melhor". No entanto, garante, "os progressos já se começam a notar e isso é muito gratificante para todos nós".

Educador de profissão, Domenico tem sido subsidiado na sua função pela associação "Terre des Hommes", da qual é vice-presidente. "Esta vai ser uma experiência inesquecível para todos. A minha maior ambição é que possamos representar o Luxemburgo com respeito e dignidade. Acredito que podemos obter uma boa classificação, já que se conseguirmos ser solidários as vitórias acabarão por surgir", enfatiza.

ANTÓNIO CARLOS QUER SER CAMPEÃO AOS 51 ANOS

António Carlos é português e tem 51 anos. É o guarda-redes da equipa e quer ser campeão do Mundo. O veterano da formação luxemburguesa disse ao CONTACTO que o título é o seu grande objectivo.

"Esta experiência tem sido bastante positiva para todos nós. O ambiente tem melhorado bastante e, agora, acho estamos conscientes de que esta participação no Campeonato do Mundo vai ficar marcada nas nossas vidas", diz com um brilhozinho nos olhos.

"Para mim, que com a minha idade sou quase o "avô" dos outros jogadores, vai ser inesquecível. Temos de dar tudo em campo. Vamos todos tentar fazer o melhor possível, mas o título, apesar de sabermos que é muito difícil, era a maior recompensa para o esforço que temos feito durante todo este tempo", rematou.

PATROCINADORES PROCURAM-SE

A participação da equipa no Homeless World Cup vai ser dispendiosa. Até ao momento faltam cerca de oito mil euros para cobrir as despesas que faltam e os patrocínios são escassos.

Domenico Laporta lamenta o facto e aponta o dedo a certas instituições que prometeram uma ajuda que ainda não chegou, e que talvez nunca chegue. "Vivemos num país rico, capitalista, mas parece que ninguém infelizmente tem dinheiro para nos ajudar", solta com azedume. "Não vamos baixar os braços e vamos continuar a trabalhar para realizar este nosso sonho. Fizemos uma tômbola cujo prémio é um fim-de-semana em Paris e temos vendido bilhetes em diversos locais. Queremos sensibilizar as pessoas para nos ajudarem a financiar a nossa participação neste Campeonato do Mundo dos mais desfavorecidos, como eu lhe chamo. Acreditamos que existem pessoas de bem que nos vão ajudar".

As participações na tômbola ou donativos podem ser feitas através dos tel. 621 294 713 ou 621 305 595.

Á. Cruz

Fotos: Á. Cruz

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