Todos já ouvimos na rádio a canção: "Toda a gente fon-fon-fon, só desdizem o que eu digo: Que a tuba fon-fon-fon tem tão pouco romantismo, Mas ele toca fon-fon-fon e o meu coração rendido, só responde fon-fon-fon com ternura e carinho, Os meus pais já me disseram: Ó Filha, não sejas louca, Que as Variações de Goldberg p'lo Glenn Gould é que são boas, Mas a música erudita não faz grande efeito em mim: do CCB, gosto da vista; da Gulbenkian, o jardim"...
A canção é da autoria do quarteto lisboeta Deolinda, que vai estar pela primeira vez no Grão-Ducado esta noite, 26 de Outubro, às 20h, no Centro Cultural Opderschmelz (1a, rue du Centenaire), em Dudelange.
Os Deolinda são um conjunto de música pop(ular) portuguesa acústica composto por Ana Bacalhau (voz), Pedro Silva Martins (guitarra e composição), Zé Pedro Leitão (contrabaixo e piano) e Luís Silva Martins (guitarra clássica, banjolim e "sinos").
A banda é conhecida pela melodia afadistada moderna, entre fado gingão e pop. Ligados por laços de parentesco, os quatro artistas costumavam passar férias juntos numa praia perto de Sintra quando certo dia, corria o ano de 2008, Pedro apareceu com três novas composições, entre as quais "Aí rapaz", "Não sei falar de amor" e "O fado não é mau". Três primeiras canções escritas já a pensar na voz da petulante Ana Bacalhau. É o que reza a história sobre as origens do projecto Deolinda.
O nome da banda personifica uma mulher genuinamente portuguesa, de xaile pelos ombros (é aliás este o símbolo da banda). "O seu nome é Deolinda e tem idade suficiente para saber que a vida não é tão fácil como parece. Atarracada e bem disposta, de chinelos e argolas grandes nas orelhas, ladeada de naperons típicos de uma casa à portuguesa, com idade suficiente para saber que a vida não é tão fácil quanto parece. Solteira de amores, casada com desamores, natural de Lisboa, mora num rés-do-chão nos subúrbios da capital, compõe as suas canções a olhar por entre as cortinas da janela e inspirando-se pelos discos da grafonola da avó e pela vida bizarra dos vizinhos. Vive com dois gatos e um peixinho vermelho...", é o retrato "à la minute" que a banda faz da personagem.
A bem ver, Deolinda simboliza acima de tudo a cidade de Lisboa herself, uma cidade que evolui e cresce entre um passado saudosista e os desafios da modernidade.
Os Deolinda viajam pelos estilos e pelos géneros, do fado à música popular portuguesa, do tango ao samba, passando pela morna, o jazz e até a música haitiana ("Fado Toninho"), contando e cantando histórias e mexericos do quotidiano de forma humorística, galhofeira, melancólica, ligeira, aérea, surrealista.
Depois da saída do seu álbum de estreia, em Abril de 2008, "Canção ao lado", que foi disco de platina, e do seu primeiro e mais conhecido single, "Fon-Fon-Fon", os Deolinda não param de encher salas de espectáculos com públicos de todas as idades. O álbum foi considerado pelo "Sunday Times" o terceiro melhor disco do ano de world music. O que levou o CONTACTO a escrever sobre eles na rubrica "Expresso Musical", logo em Janeiro de 2009.
Em Abril deste ano, lançaram o seu segundo trabalho, "Dois Selos e Um Carimbo", cujo single "Um Contra o Outro" segue a mesma linha do primeiro, tanto no cunho artístico como nos topes de vendas.
Para o concerto de hoje em Dudelange, os bilhetes custam 15 euros, em pré-venda, e 20 euros, na noite do evento, podendo ser adquiridos no Centro Opderschmelz (ou através dos site www.luxembourgticket.lu ).
JLC/JNL
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