domingo, 10 de outubro de 2010

Nobel/Paz: Liu Xiaobo dedicou Prémio às vítimas do massacre de Tianamen

O dissidente chinês distinguido com o Nobel da Paz 2010 foi autorizado a receber a visita da mulher na prisão e disse-lhe, em lágrimas, que dedica o prémio às vítimas do massacre de Tiananmen, disseram a mulher e um amigo.

Liu Xia, mulher de Liu Xiaobo, escreveu uma mensagem no “twitter”, em que diz que o marido soube da atribuição do prémio no sábado por guardas da prisão.

“Irmãos, estou de volta”, escreveu Liu Xia, cuja saída da sua casa em Pequim na sexta-feira acompanhada das autoridades suscitou preocupação nos meios dissidentes. “Vi Xiaobo. A prisão deu-lhe a notícia sobre o prémio na noite de dia 09”.

A mensagem foi confirmada por um amigo próximo dos dois, o dissidente Wang Jinbo, que escreveu numa outra mensagem que Liu Xia lhe disse não poder encontrar-se com os amigos ou com jornalistas por estar sujeita a rigorosas medidas de segurança. Wang recusou falar à imprensa.

Ao anunciar o prémio, na sexta—feira, o Comité Nobel destacou as mais de duas décadas de luta pacífica de Liu pelos direitos humanos e por mudanças políticas, desde as manifestações pró-democracia de 1989 na praça de Tiananmen a um manifesto por reformas políticas de que foi subscritor em 2008 e que está na origem da pena que cumpre atualmente.

No massacre de Tiananmen, o exército avançou sobre milhares de manifestantes que ocupavam a praça há sete semanas fazendo centenas, possivelmente milhares, de mortos.

Segundo Wang, Liu Xiaobo disse à mulher durante a visita que o prémio “vai em primeiro lugar” para aqueles que morreram a 04 de junho de 1989 na repressão militar dos protestos em Tiananmen. “Xiaobo estava em lágrimas”, escreveu.

Liu, de 54 anos, está a cumprir o segundo de 11 anos de uma pena de prisão e até à confirmação pela mulher havia dúvidas sobre se sabia que tinha sido distinguido com o Nobel da Paz.

O prémio foi silenciado nos ‘media’ chineses, controlados pelo regime, e os prisioneiros só estão autorizados a receber visitas da família uma vez por mês, sendo que na visita que lhe fez em setembro, a mulher foi proibida pelas autoridades de lhe falar da nomeação para o Nobel da Paz.

Pouco depois do anúncio do prémio, Liu xia disse estar a negociar com as autoridades uma visita ao marido para lhe dar a notícia. Nessa noite, membros da família indicaram que a polícia a escoltou até Jinzhou, a cidade a cerca de 500 quilómetros de Pequim onde o marido está detido.

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