segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Pobreza no Luxemburgo já atinge 15 % da população

O relatório sobre o trabalho e a coesão social, apresentado na quinta-feira pelo instituto luxemburguês de estatísticas, Statec, não deixa dúvidas: a crise económica e financeira não poupou o Luxemburgo. "A crise está a deixar marcas cuja dimensão total não é ainda conhecida", afirma o director Serge Allegrezza.

O relatório mostra que a taxa de risco de pobreza aumentou de 13,4 % em 2008 para 14,9 % em 2009. Um aumento significativo se tivermos em conta que esta taxa se manteve relativamente estável nos últimos anos.

Em 2009, o limiar de pobreza, ou seja, o rendimento abaixo do qual uma pessoa é considerada como exposta ao risco de pobreza, era de 1.588 euros para um adulto que vivesse sozinho e de 3.335 euros para uma família de dois adultos e dois filhos. O limiar de pobreza corresponde a 60 % do rendimento médio.

Entre 2003 e 2008, a taxa de risco de pobreza manteve-se relativamente estável em torno dos 13 %. Em 2009, a mesma taxa atingiu os 14,9 %.

São principalmente os jovens e as famílias monoparentais os mais atingidos por este fenómeno. A taxa para os indivíduos até aos 17 anos passou de 19,8 % em 2008 para 22,3 %, em 2009. Para o escalão etário dos 18-24 anos, a taxa aumenta ainda mais, subindo dos 15,5 % para os 21,2 %. Quanto às pessoas com mais idade, a taxa manteve-se mais ou menos estável. Por exemplo, para o escalão etário de 65 anos ou mais, a taxa que era de 5,4 %, em 2008, passou para 6 %, em 2009.

Tanto a idade como a situação familiar têm influência no risco de cair na pobreza. Mais de 52 % das famílias monoparentais encontram-se nessa situação. Em 2008, a taxa de risco de pobreza era de 44 %. No caso das famílias com filhos, a taxa aumentou mas mais moderadamente, passando de 17 para 20 %. Para as famílias sem filhos, a pobreza mantém-se nos 9 %.

Um terço dos desempregados são portugueses

Outros factores a ter em conta são a nacionalidade e o grau de instrução.

"Um terço dos inscritos no desemprego (ADEM) são portugueses. A nacionalidade, a imigração e um nível de instrução fraco ou inexistente aumentam o risco de cair na situação de desemprego", explica o ministro do Trabalho e do Emprego, Nicolas Schmit. Pelo contrário, o trabalho evita que se caia na pobreza. Ou seja, a taxa de risco de pobreza é bem menor entre as pessoas que têm emprego – 10 % para os que trabalham e 45 % para os desempregados. O fenómeno dos trabalhadores pobres também está a ganhar terreno, já que 20 % dos trabalhadores manuais arriscam-se a ficar em situação de pobreza, uma taxa que é apenas de 2,5 % para os quadros dirigentes.

O inquérito realizado pelo Statec mostra ainda que há cada vez mais gente com dificuldades de chegar ao fim do mês com dinheiro na conta bancária. De entre as pessoas interrogadas, 23 % confessou sentir sérias dificuldades nesse aspecto, percentagem que era de apenas 19,4 em 2008. Também aqui, os jovens são os mais afectados.

Foto: Shutterstock

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