sábado, 16 de julho de 2011

Debate no Grund: A arte (in)dependente da política

A interdependência dos políticos com os protagonistas do mundo das artes "acaba por ser algo que vive comprimido nas escolhas a fazer, quanto se trata de mostrar a face dos políticos".

"Será que os artistas, os que recebem apoios estatais, podem ser contestatários contra aqueles que os subvencionam? Tratam-se de condicionalismos sobre os quais é preciso reflectir", explica Diana Krüger, durante o debate "Arte e Política", levado a cabo pelo Instituto Pierre Werner na Abadia de Neumünster, no Grund, na cidade do Luxemburgo, na sexta-feira, 15 de Julho.

"O objectivo deste debate não é encontrar respostas imediatas sobre a relação entre a arte e a política, mas debater e mostrar alguns exemplos de como estes dois mundos aparentemente distintos, dependem muitas vezes um do outro", esclarece Diane Krüger, directora adjunta do Instituto Pierre Werner e representante do Instituto Goethe no Luxemburgo.

A relação de interdependência parece existir nas mais altas esferas do poder, mas não precisa de ser necessariamente político. Por exemplo, a exposição que ilustrava a sala do debate, "Figuras do Poder", do fotógrafo francês Olivier Roller, captou as imagens de homens e mulheres de poder, muitas vezes na sombra da ribalta. Mas nenhuma destas figuras é um político. "São pessoas que escolhi e que convidei, no âmbito deste projecto arrojado, que apesar de não serem figuras políticas, acabam por estar na base de grandes decisões de um país. Por exemplo, temos a foto do filósofo francês Bernard Henri Lévy, que influenciou decisivamente o presidente Sarkozy na decisão de intervir na guerra da Líbia", afirma o fotógrafo. Quanto à sua relação com o poder, Olivier Roller considera-se "completamente livre", apesar de confessar que "é extremamente difícil obter uma imagem neutra das pessoas que fotografa, que sabem exactamente aquilo que podem transmitir através de uma foto, condicionando desta maneira um pouco a liberdade artística. Mas este projecto vive destas nuances, igualmente", frisa.

Relativamente à realidade luxemburguesa, o jornalista e fotógrafo luxemburguês Christian Mosar apontou o dedo às autoridades públicas e privadas que "censuram por vezes a arte contemporânea do Luxemburgo e que tem sido uma realidade nos últimos anos, mesmo se parece algo difícil de acreditar".

O restante painel de oradores desta conferência incluia ainda a deputada luxemburguesa Colette Flesch e a parlamentar alemã Kristina Volke.

Texto e foto: Gualter Veríssimo

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