O PCP questionou ontem o Governo sobre se está a acompanhar a situação de "um grupo de 420 trabalhadores portugueses de uma empresa da área da construção, no Luxemburgo", que "tem em risco os seus postos de trabalho".
O grupo parlamentar comunista dirigiu as perguntas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e quis saber se este tem conhecimento da situação, qual o acompanhamento que está a ser feito e que tipo de apoio está a ser prestado aos trabalhadores.
"Conforme está hoje a ser noticiado, estes trabalhadores estiveram concentrados junto ao Ministério da Economia do Luxemburgo, exigindo intervenção do governo luxemburguês na salvaguarda dos seus postos de trabalho. Desta contestação obtiveram a garantia da intervenção dos Ministérios da Economia e do Trabalho luxemburgueses na mediação para a manutenção dos referidos postos de trabalho", refere o texto do PCP.
Em causa está a empresa de construção luxemburguesa Socimmo que está em situação de falência iminente.
As dificuldades de tesouraria e a acumulação de dívidas na empresa de construção Socimmo, onde 420 dos 476 trabalhadores são portugueses, dura há algum tempo, mas quarta-feira os funcionários foram confrontados com a sua falência iminente.
A empresa tem as contas congeladas, os bancos estão a recusar-lhe financiamento e os trabalhadores têm dois meses de salários em atraso e quatro de horas extraordinárias.
Ontem, apesar da reunião realizada com as autoridades luxemburguesas, sindicatos e banqueiros, soube-se que a empresa vai mesmo declarar falência, colocando 420 portugueses no desemprego, confirmou um dos representantes dos trabalhadores.
“A empresa vai mesmo falir”, confirmou Paulo Viegas, num tom desolado, à agência Lusa.
Devido a dificuldades de tesouraria, a empresa não consegue as garantias bancárias de 600 mil euros necessárias para continuar a operar.
Dos 476 empregados da empresa, 420 eram portugueses, sendo que a maioria destes está na empresa, em média, há mais de 15 anos.
Segundo António Feliciano, um encarregado da empresa luxemburguesa, “não há muito o que fazer (diante da situação), além disso, muitos empregados já estão de férias”, reportando para Setembro alguma posição dos trabalhadores.
Ontem, funcionários da empresa manifestaram-se em frente ao Ministério da Economia do Luxemburgo, onde uma delegação foi recebida pelos ministros da Economia, Jeannot Krecké, e do Trabalho, Nicolas Schmit.
No início da tarde, aconteceu uma reunião de duas horas entre os dois ministros, a direcção da Socimmo, os sindicatos e os banqueiros.
“Não há nada a fazer, a empresa vai à falência”, disse o ministro Krecké, citado pela Voix du Luxembourg.
O objectivo agora, segundo Jeannot Krecké, é "buscar soluções para que os funcionários sejam pagos o mais rapidamente possível", acrescentando que é preciso também “encontrar-lhes um novo emprego”.
O presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo, Coimbra de Matos, alertou para o impacto social da falência da Socimmo, considerando que a maioria dos 476 trabalhadores não poderá ser requalificada.
O dirigente associativo calcula que o despedimento dos trabalhadores da Socimmo irá afectar duas mil pessoas.
Foto: Guy Jallay
Sem comentários:
Enviar um comentário