quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Coordenadora do ensino da língua portuguesa deixa o Luxemburgo


Maria José Meira chegou ao Luxemburgo há um ano. Trazia na bagagem uma comissão de serviço de três anos à frente dos serviços de Coordenação do Ensino da língua portuguesa no Benelux.
Em Maio deste ano decidiu não continuar o trabalho. Ao CONTACTO, a professora da Faculdade de Letras de Lisboa alega razões pessoais, familiares e de saúde para voltar a Lisboa, e reconhece que o modelo de coordenação do
ensino da língua nos três países "pode não ser o ideal, mas que não há alternativa". Maria José Meira esteve no Luxemburgo até meados de Agosto.
A ex-
coordenadora do ensino do Benelux garante que deixou tudo preparado para o arranque do ano lectivo no Luxemburgo e que mesmo à distância continua em contacto com a sua equipa de colaboradores para saber como estão as coisas. "São muitos docentes, muitos alunos, muitos protocolos com os ministérios. É muito trabalho. Fui até onde a minha resistência me deixou ir. A minha saúde começava a ressentir-se e depois há a família, o meu pai, os meus filhos, o meu ninho de afectos que está aqui em Portugal", desabafa Maria José Meira.
A professora da Faculdade de Letras de Lisboa chegou ao Luxemburgo para pôr em prática o modelo de coordenação desenhado pela responsável do Instituto Camões em Lisboa, ou seja, coordenar o ensino da língua no Luxemburgo, na Bélgica e na Holanda. Na altura, o "novo modelo" levantou muitas criticas, sobretudo entre os professores, mas Maria José Meira aceitou o desafio. Um ano depois a ex-coordenadora afirma que "o modelo pode não ser o ideal, mas se calhar não há alternativa por causa da situação orçamental do país". E explica: "Há muitos constrangimentos orçamentais, as pessoas não têm onde ir buscar recursos, não há fundo de maneio, há escassez de verbas e assim é muito difícil. Mas não foi isto que me fez regressar a Portugal", garante Meira ao CONTACTO. "Saio de consciência tranquila, com a sensação de missão cumprida, mas neste momento tenho outras prioridades. Quando aceitei o cargo não foi de ânimo leve e sabia que iria ser muito complicado, mas aceitei e não me arrependo".
Maria José Meira é professora no departamento de Língua e Cultura Portuguesa na Faculdade de Letras de Lisboa e toda a vida esteve ligada ao meio académico. No início desta semana a docente voltou a apresentar-se no seu posto de trabalho e espera "reassumir as funções no departamento". "Estou muito confiante, mas eu saí com uma comissão de serviço de três anos e agora interrompi-a. Estou muito confiante".

A Embaixada de Portugal no Luxemburgo afirmou ao CONTACTO que "neste momento ninguém está a fazer o trabalho da ex-
coordenadora de ensino". Rui Martinaut Correia, que está interinamente à frente da Embaixada, garantiu ao CONTACTO que "o ano lectivo deverá arrancar normalmente", uma vez que Maria José Meira "deixou tudo preparado".
O Instituto Camões em Lisboa diz que ainda não sabe quando é que vai abrir concurso para a substituição de Maria José Meira.

Domingos Martins
Foto: Manuel Dias

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