O novo boletim de avaliação dos alunos do Ensino Fundamental. Este ano, os alunos vão ter apenas notas no Natal e no final do ano lectivo
No dia em que a ministra da Educação chamou os jornalistas para uma conferência de imprensa sobre o arranque do novo ano escolar, a OCDE divulgou os resultados do estudo "As Perspectivas da Educação 2011". E mais uma vez os resultados não são famosos para o Grão-Ducado. Nada que desanime Mady Delvaux-Stehres. A ministra garante que continua empenhada em melhorar os resultados dos alunos da escola luxemburguesa. Amanhã é o regresso às aulas para os mais de 122 mil alunos inscritos nas escolas luxemburguesas. Mady Delvaux-Stehres garantiu ontem, em conferência de imprensa, que o seu ministério vai continuar empenhado nas reformas iniciadas em 2009 com o Ensino Fundamental, em 2010, com a reforma do Ensino Técnico-Profissional, e com a reforma do Ensino Secundário que está em preparação.
No Ensino Fundamental tudo na mesma, excepto nos boletins de avaliação dos alunos. Este ano, os pais das crianças do ensino primário vão ser chamados à escola para receberem o "bilan" (balanço) dos seus educandos no Natal e no final do ano lectivo. Na Páscoa, a conversa com os pais passa por uma explicação oral das dificuldades dos alunos, sobretudo dos problemas que foram identificados em Dezembro, no primeiro boletim de avaliação. "É uma forma de agilizarmos o trabalho dos professores que se queixavam que passavam muito tempo a escrever as 'notas' das crianças. Também porque havia professores que faziam muitos testes aos alunos para depois preencheram o boletim de notas, o que é um disparate. O que nós queremos é que os professores ensinem, que os alunos aprendam e não passem todo o tempo a fazer testes", diz Delvaux-Stehres ao CONTACTO.
O encontro da ministra da Educação com os jornalistas acabou por ficar marcado pela divulgação das "Perspectivas da Educação 2011" da OCDE. À hora da conferência de imprensa no novo Liceu de Belval, em Paris a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico divulgava os resultados do seu estudo elaborado com dados de 2008. E mais uma vez o Luxemburgo não sai bem na fotografia. Diz a OCDE que o Luxemburgo é dos países da Organização que mais investe em Educação, com os Recursos Humanos e financeiros, mas depois a taxa de obtenção de diplomas de final do ensino secundário é ligeiramente inferior à da média da OCDE. "É a prova de que o dinheiro não é tudo", diz Delvaux-Stehres ao CONTACTO. "É preciso dizer que o sistema educativo no Luxemburgo não é fácil, com o multilinguismo, o alemão e o francês com níveis muito exigentes, e com uma população escolar que em casa não fala nem o luxemburguês, nem alemão ou francês. É pedir muito aos nossos alunos", desabafa a ministra. E continua: "É também preciso olhar para a população residente no país. Sabemos que as crianças que vêm de um meio familiar com alguma instrução acabam por ter melhores resultados na escola porque são mais bem orientados em casa. Sabemos também que no Luxemburgo há uma grande parte da população com níveis de instrução muito baixos. Contudo, isto não nos faz baixar os braços e queremos melhorar os resultados".
A OCDE diz ainda que no Luxemburgo há mais alunos no Ensino Técnico do que no Clássico. A ministra da Educação reconhece a evidência e explica que se trata de uma "tradição". "Nós temos um modelo muito parecido ao suíço e ao alemão, onde tradicionalmente os alunos são mais encaminhados para o Ensino Secundário Técnico (EST) do que para o Secundário. Mas o que é preciso dizer aos pais é que ainda que os filhos sejam encaminhados para o sétimo ano do Técnico, eles têm sempre a possibilidade de fazer uma formação que lhes dê acesso ao 'Bac,' que é a via para se poder aceder a todos os estudos universitários. Não é por estar no sétimo ano do EST que o aluno não vai ter a possibilidade de vir a ser professor, engenheiro, médico ou advogado. É no 9° EST que se decide o futuro. É aqui que se pode enveredar pela Universidade, ou não. A verdade é que no Ensino Secundário, no clássico, há uma tradição muito grande de exigência no domínio das duas língua – o alemão e o francês – e é muito difícil encontrar alunos que sejam simultaneamente bons nas duas línguas. No EST basta dominar uma das línguas".
No ano passado chegaram ao Luxemburgo 500 novos alunos com idades entre os 12 e os 16 anos e que foram integrados em turmas de acolhimento do Ensino Secundário. No caso da escola primária, foram 700 os recém-chegados. "Para este novo ano lectivo ainda não temos os números dos alunos recém-chegados, porque eles não chegam todos a 15 de Setembro. Continuam a chegar em Outubro e Novembro. Este é o grande desafio da escola luxemburguesa. Não é fácil mudar mentalidades, mas também não vale a pena 'bater' nos professores. É a realidade que temos, e é o nosso grande desafio. Os alunos que são trabalhadores e inteligentes, porque é preciso ter estas duas características em simultâneo, conseguem atingir os objectivos com sucesso. Os outros não", reconhece Delvaux-Stehres.
A ministra da Educação pede aos pais que ajudem a escola na instrução dos alunos. "Não deixem as crianças ver televisão um dia inteiro com a desculpa de que assim aprendem as línguas. Não é verdade. Ajudem-nos antes a criar hábitos de trabalho e leitura. É preciso é que leiam, não importa em que língua", conclui a ministra da Educação.
Domingos Martins
Foto: Anouk Antony
No Ensino Fundamental tudo na mesma, excepto nos boletins de avaliação dos alunos. Este ano, os pais das crianças do ensino primário vão ser chamados à escola para receberem o "bilan" (balanço) dos seus educandos no Natal e no final do ano lectivo. Na Páscoa, a conversa com os pais passa por uma explicação oral das dificuldades dos alunos, sobretudo dos problemas que foram identificados em Dezembro, no primeiro boletim de avaliação. "É uma forma de agilizarmos o trabalho dos professores que se queixavam que passavam muito tempo a escrever as 'notas' das crianças. Também porque havia professores que faziam muitos testes aos alunos para depois preencheram o boletim de notas, o que é um disparate. O que nós queremos é que os professores ensinem, que os alunos aprendam e não passem todo o tempo a fazer testes", diz Delvaux-Stehres ao CONTACTO.
O encontro da ministra da Educação com os jornalistas acabou por ficar marcado pela divulgação das "Perspectivas da Educação 2011" da OCDE. À hora da conferência de imprensa no novo Liceu de Belval, em Paris a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico divulgava os resultados do seu estudo elaborado com dados de 2008. E mais uma vez o Luxemburgo não sai bem na fotografia. Diz a OCDE que o Luxemburgo é dos países da Organização que mais investe em Educação, com os Recursos Humanos e financeiros, mas depois a taxa de obtenção de diplomas de final do ensino secundário é ligeiramente inferior à da média da OCDE. "É a prova de que o dinheiro não é tudo", diz Delvaux-Stehres ao CONTACTO. "É preciso dizer que o sistema educativo no Luxemburgo não é fácil, com o multilinguismo, o alemão e o francês com níveis muito exigentes, e com uma população escolar que em casa não fala nem o luxemburguês, nem alemão ou francês. É pedir muito aos nossos alunos", desabafa a ministra. E continua: "É também preciso olhar para a população residente no país. Sabemos que as crianças que vêm de um meio familiar com alguma instrução acabam por ter melhores resultados na escola porque são mais bem orientados em casa. Sabemos também que no Luxemburgo há uma grande parte da população com níveis de instrução muito baixos. Contudo, isto não nos faz baixar os braços e queremos melhorar os resultados".
A OCDE diz ainda que no Luxemburgo há mais alunos no Ensino Técnico do que no Clássico. A ministra da Educação reconhece a evidência e explica que se trata de uma "tradição". "Nós temos um modelo muito parecido ao suíço e ao alemão, onde tradicionalmente os alunos são mais encaminhados para o Ensino Secundário Técnico (EST) do que para o Secundário. Mas o que é preciso dizer aos pais é que ainda que os filhos sejam encaminhados para o sétimo ano do Técnico, eles têm sempre a possibilidade de fazer uma formação que lhes dê acesso ao 'Bac,' que é a via para se poder aceder a todos os estudos universitários. Não é por estar no sétimo ano do EST que o aluno não vai ter a possibilidade de vir a ser professor, engenheiro, médico ou advogado. É no 9° EST que se decide o futuro. É aqui que se pode enveredar pela Universidade, ou não. A verdade é que no Ensino Secundário, no clássico, há uma tradição muito grande de exigência no domínio das duas língua – o alemão e o francês – e é muito difícil encontrar alunos que sejam simultaneamente bons nas duas línguas. No EST basta dominar uma das línguas".
No ano passado chegaram ao Luxemburgo 500 novos alunos com idades entre os 12 e os 16 anos e que foram integrados em turmas de acolhimento do Ensino Secundário. No caso da escola primária, foram 700 os recém-chegados. "Para este novo ano lectivo ainda não temos os números dos alunos recém-chegados, porque eles não chegam todos a 15 de Setembro. Continuam a chegar em Outubro e Novembro. Este é o grande desafio da escola luxemburguesa. Não é fácil mudar mentalidades, mas também não vale a pena 'bater' nos professores. É a realidade que temos, e é o nosso grande desafio. Os alunos que são trabalhadores e inteligentes, porque é preciso ter estas duas características em simultâneo, conseguem atingir os objectivos com sucesso. Os outros não", reconhece Delvaux-Stehres.
A ministra da Educação pede aos pais que ajudem a escola na instrução dos alunos. "Não deixem as crianças ver televisão um dia inteiro com a desculpa de que assim aprendem as línguas. Não é verdade. Ajudem-nos antes a criar hábitos de trabalho e leitura. É preciso é que leiam, não importa em que língua", conclui a ministra da Educação.
Domingos Martins
Foto: Anouk Antony
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