Testemunhos de duas americanas residentes no Luxemburgo
No domingo assinala-se o 10o aniversário dos ataques terroristas às Torres Gémeas, em Nova Iorque. O CONTACTO conversou com duas cidadãs americanas residentes no Luxemburgo para saber onde estavam no dia 11 de Setembro de 2001 e como viveram o dia que mudou para sempre os Estados Unidos da América e o Mundo.
A11 de Setembro de 2001, a americana Kathleen Connors Bouchaud (na foto infra, à esquerda) estava em Paris, onde trabalhava para a OCDE como consultora. Eram três da tarde, hora francesa. "Tinha acabado de dar uma formação de informática e estava sozinha na sala quando entra uma inglesa e me diz que tem que desligar todos os computadores por razões de segurança. Eu perguntei porquê. Ela respondeu com outra pergunta: "Você é americana? É melhor sentar-se". Kathleen pensou logo na família que tinha nos Estados Unidos: "A minha tia vive em Nova Iorque, a minha irmã vive em Washington e os meus pais em Pittsburg."
"Vivendo em Paris, sempre senti uma certa hostilidade dos franceses em relação a mim, por ser americana", conta Kathleen, que vive fora dos Estados Unidos desde 1997. Mas os ataques terroristas ao World Trade Center, em Nova Iorque, e ao Pentágono, em Washington, chocaram os franceses, recorda a americana, que é casada com um francês. "Nas semanas seguintes, os franceses foram muito solidários comigo e muitos expressaram mesmo o seu apoio". "Na manhã seguinte aos ataques, o meu chefe, que era francês, foi muito solidário, e até me levou para almoçar", conta a americana, que é natural de Buffalo, a segunda maior cidade do estado de Nova Iorque.
"Há uma grande diferença entre Obama e Bush", resume Kathleen Connors Bouchaud, que no Luxemburgo faz parte dos 'Democrats Abroad', uma organização do partido Democrata americano dirigida aos cidadãos que vivem no estrangeiro. A americana está satisfeita com a administração de Barack Obama e refere como exemplo a retirada anunciada de tropas dos EUA do Afeganistão.
Lisa Williams, presidente do "American Women’s Club of Luxembourg", vivia numa localidade perto de Haia, na Holanda, em 2001. O dia 11 de Setembro foi um dia como outro qualquer, na creche onde trabalhava, até saber das terríveis notícias que chegavam do outro lado do Atlântico. "Estava em choque a ver as imagens e não acreditava no que estava a assistir". Lisa Williams recorda aquele dia com tristeza: "Fiquei em choque durante vários dias e só depois me apercebi da dimensão da devastação causada pelos ataques". Lisa não hesita em dizer que "Bush (n.d.R.: o presidente americano em 2001) fez, inicialmente, um bom trabalho" porque "tentou acalmar o medo das pessoas" mas reconhece que "na guerra contra o terrorismo, o governo americano acabou por perder o seu rumo". À semelhança de Kathleen em França, também sentiu a solidariedade dos holandeses: "Eles foram extremamente solidários e muitas das casas e das lojas tinham nesse dia a bandeira a meia haste".
Ambas as mulheres estranham o facto de a embaixada dos Estados Unidos no Luxemburgo não assinalar a efeméride (ver caixa ao lado), dado o simbolismo da data. Para Kathleen Connors Bouchaud, "a data é importante e deve ser assinalada". Já Lisa Williams gostava que a embaixada tivesse escolhido fazer "uma pequena cerimónia em memória dos que perderam a vida nos ataques de 11 de Setembro de 2001".
Embaixada americana no Luxemburgo não assinala efeméride
A Embaixada dos Estados Unidos no Luxemburgo não vai assinalar o décimo aniversário dos ataques terroristas às Torres Gémeas, em 11 de Setembro de 2001, confirmou ao CONTACTO o responsável de Assuntos Públicos, Alain Charlier.
Para assinalar a efeméride, o Departamento de Estado norte-americano, através do Serviço Internacional de Informação, preparou um documento intitulado "Resilience After Terrorism", que é composto por testemunhos "de resistência e de coragem" contra o terrorismo, de pessoas de diferentes países como a Espanha, a Colômbia e, claro está, os Estados Unidos. IF
Irina Ferreira
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