segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Portugal: António Barreto acusa governantes de enganaram população e omitiram factos que levaram à quase bancarrota


Tiago Miranda
O sociólogo e ex-ministro António Barreto fez hoje duras críticas aos dirigentes que governaram Portugal nos últimos anos, acusando-os de iludir a realidade e omitir factos que contribuíram para as dificuldades em que o País se encontra.

"A verdade é que se escondeu informação e se enganou a opinião pública. A acreditar nos dirigentes nacionais, vivíamos, há quatro ou cinco anos, um confortável desafogo", afirmou o também presidente do conselho de administração da Fundação Manuel dos Santos, num discurso que fez em Lisboa.

Depois de uma situação que permitia "fazer planos de grande dimensão e enorme ambição", passou-se, "em pouco tempo, num punhado de anos", a uma "situação de iminente falência e de quase bancarrota imediata", acrescentou António Barreto na intervenção intitulada "Portugal, Que futuro?", que proferiu na Academia de Ciências durante a inauguração do 2º ano lectivo do Instituto de Estudos Académicos para Seniores.

"Ainda hoje não sabemos as causas e o processo. Ainda hoje não conhecemos a origem exacta dessa terrível aceleração dos défices e das dívidas", afirmou, reconhecendo que, se as "causas externas" são, "em parte, responsáveis", a maioria dos países ocidentais não está na mesma situação que Portugal. "Há países e governos, a começar pelo nosso, que foram imprevidentes, complacentes e irresponsáveis", continuou António Barreto.

"Pode ser grande a origem externa das nossas dificuldades. Mas a verdade é que é isso mesmo o que se pede aos governantes: que prevejam dificuldades, que previnam problemas e que protejam os seus povos durante as tempestades". "Tivemos exactamente o contrário: as autoridades acrescentaram às dificuldades, não só pelas suas decisões, como também pelo seu comportamento teimoso e abrasivo", opinou António Barreto, 69 anos, ministro do Comércio e do Turismo e depois da Agricultura no primeiro governo constitucional, que tomou posse em Setembro de 1976.

Numa tentativa de resposta à pergunta que lhe foi proposta como título da intervenção, afirmou: "Temos evidentemente um futuro. Mas não sabemos qual. Esse futuro depende cada vez mais de outros, dos vizinhos, do grupo do Euro, da União Europeia, dos Estados Unidos e até do resto do mundo".

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