quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Criança com necessidades especiais abandonada à porta da escola


Os pais da pequena Letícia não escondem a indignação. A filha de 11 anos foi deixada sozinha à porta da escola na passada quarta-feira.

O caso até podia não passar de uma simples falha de comunicação, não fosse a filha uma menina com necessidades educativas especiais, fruto de uma doença que a acompanha desde que nasceu. "A minha filha nasceu com um cancro no fígado e por causa disso tem uma série de complicações ao nível do desenvolvimento. Os professores estão a par da situação e sabem que a minha filha tem um ligeiro atraso no desenvolvimento que inclusive lhe dificulta a capacidade de falar", conta Mário das Neves, o pai da criança, ao CONTACTO.

Na semana passada, a menina ficou sozinha à hora do almoço à espera que a fossem buscar para ir almoçar. A professora deixou-a no recreio, por volta das 11h45, e só já perto das duas é que soou o sinal de alarme. "Três vezes por semana, a minha filha vai almoçar à 'maison de relais' de Oberkon. Na passada quarta-feira, a professora deixou a minha filha no recreio e os funcionários da 'maison' não a recolheram. Resultado, a miúda ficou sozinha à chuva e ao frio durante duas horas sem que ninguém desse pela falta dela", diz indignado Mário das Neves.

A professora da escola primária Prince Henri, em Oberkorn, disse ao pai que a menina lhe teria dito que naquele dia a tia ia buscá-la para almoçar, mas a justificação não é pertinente para os pais. "Eu não escrevi nada na agenda da minha filha, não falei com a professora para lhe prestar essa informação. Como é que ela autoriza a miúda a alterar as rotinas escolares? A escola sabe do atraso no desenvolvimento da minha filha e ainda assim deixaram-na no recreio", conta o pai da pequena Letícia.

A menina foi encontrada toda encharcada, com as roupas todas sujas porque, com o medo, não conseguiu controlar as suas necessidades fisiológicas. "Quando dois colegas a encontraram por volta das duas da tarde, a minha filha estava gelada e tinha feito chichi e cocó na roupa. Só por volta dessa hora é que dois colegas mais velhos a encontraram e tentaram entrar em contacto com a 'maison de relais' de Oberkorn. Nessa altura, uma funcionária da instituição foi buscar a minha filha, mudou-lhe a roupa e deu-lhe de comer. Mas isto é inadmissível", afirma Mário Neves.

A aluna continuou o resto do dia na escola e só quando regressou a casa, por volta das cinco da tarde, é que os pais tiveram conhecimento da situação. "Eu já pedi explicações a toda a gente, mas ninguém me sabe dizer o que é que aconteceu. Apenas me dizem que já tiveram conhecimento da situação. Mais nada. A única coisa que eu pergunto é, se tivesse acontecido alguma coisa à minha filha quem é que era o responsável? A minha filha tem um grau de autonomia muito reduzido e toda a gente a abandonou. Ela poderia ter sido raptada, ou bastaria que alguém lhe desse um empurrão, para que a placa que usa nas costas pudesse perfurar a medula, e aí eu queria ver", diz Mário das Neves.

O CONTACTO tentou obter uma explicação junto da "maison de relais" de Oberkorn e junto da escola Prince Henri, mas por causa das férias escolares, tal não foi possível. DM

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