quarta-feira, 28 de março de 2012

"É preciso pôr fim a isto"

Foto: M. Dias
CONTACTO - Segundo os números do Consulado de Portugal no Luxemburgo, os portugueses deverão ser neste momento mais de cem mil, e com as novas inscrições de 2011 e 2012, o número de portugueses no Luxemburgo poderá atingir os 115 mil no final deste ano. O Luxemburgo tem meios para receber toda esta gente?

Jean-Claude Juncker - Eu estou muito contente com o desempenho e com o trabalho que os portugueses têm feito no Luxemburgo. Sou um grande admirador de Portugal e dos portugueses que procuraram o Luxemburgo, mas eu considero que esta nova vaga de imigração não é saudável, porque as pessoas vêm com a ideia de que o Luxemburgo é um paraíso. Eles só comparam o salário português ao luxemburguês, mas não comparam, por exemplo, o preço das rendas de casa em Portugal e no Luxemburgo.

Eu tenho a impressão que os que chegam agora, na maior parte das vezes pouco qualificados, não vão ser capazes de se integrarem normalmente na sociedade luso-luxemburguesa, e por isso eu acho que é preciso pôr fim a esta imigração, que é uma imigração selvagem.

A imigração portuguesa foi sempre bem organizada, bem estruturada, e agora o que temos é uma imigração de desespero, porque as coisas estão mal em Portugal e os portugueses vêm para o Luxemburgo e vão acabar por ser infelizes.

Vamos tentar organizarmo-nos com o governo português para que em Portugal se explique, de forma clara, que o Luxemburgo não é um paraíso, mas que vai ser muito difícil para os novos imigrantes se integrarem. É preciso pôr fim a isto.

CONTACTO - E o que é que o governo do Luxemburgo pode fazer?

JCJ - Não podemos interferir nas escolhas pessoais de cada um, mas eu penso que os que chegam agora são mal acolhidos, ficam mal alojados, trabalham em condições inaceitáveis do ponto de vista social, e isso eu não posso aceitar. Não faz jus à imigração portuguesa.

CONTACTO - Mas a crise é muito grande.. .

JCJ - Eu percebo muito bem o percurso individual de cada um, aqueles que deixam Portugal para encontrar um sítio onde possam viver melhor, mas ao virem para o Luxemburgo correm o risco de não viver melhor aqui do que em Portugal. 

Domingos Martins

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