sexta-feira, 16 de março de 2012

Luxemburgo: Crianças portuguesas afinal são inteligentes

Foto: Marc Wilwert
Um estudo pioneiro compara a capacidade cognitiva de crianças portuguesas a viver no Luxemburgo e em Portugal. E conclui que os alunos portugueses no Luxemburgo não têm quaisquer problemas de aprendizagem, batendo mesmo os alunos em Portugal. Conclusões que deverão surpreender os professores que há anos mandam os portugueses para o ensino técnico-profissional.

O estudo, que deverá ser publicado na conceituada revista Psychological Science nas próximas semanas, compara a capacidade cognitiva de 69 filhos de imigrantes portugueses no Luxemburgo com a performance de 54 alunos de Viana do Castelo e Braga, em Portugal.

Os alunos têm todos oito anos e as mesmas condições sócio-económicas, garante Pascale Engel de Abreu, responsável pela recolha de dados do estudo conduzido pela Universidade do Luxemburgo. E as conclusões desafiam o senso-comum.

"O estudo mostra uma capacidade de raciocínio e de aprendizagem superior à das crianças em Portugal", revelou a investigadora durante um debate organizado na quarta-feira pela ASTI.

A explicação poderá estar no multilinguismo, avança Pascale de Abreu. "É a chamada vantagem bilingue", explica a investigadora. "Há vários estudos que demonstram que as capacidades cognitivas aumentam com o multilinguismo", diz.

Recusando quantificar o intervalo que separa as crianças no Luxemburgo e em Portugal enquanto o estudo não é publicado, a investigadora diz ainda assim que a diferença "é significativa".

Mas há mais. O estudo conclui igualmente que as crianças portuguesas no Luxemburgo não têm quaisquer dificuldades de aprendizagem. O problema é que os professores confundem a capacidade de raciocínio, que mede a inteligência, com o nível linguístico dos alunos, defende a investigadora.

"Há uma tendência para ver dificuldades de aprendizagem nas crianças portuguesas, quando na verdade não as há", diz Pascale de Abreu.

"Em Portugal, quando perguntámos se as crianças tinham dificuldades de aprendizagem, os professores disseram que não: havia uma percentagem de 0 % de crianças com dificuldades. No Luxemburgo, no grupo estudado, os professores disseram-nos que 32 % tinham dificuldades".

"O potencial real das crianças portuguesas está a ser encoberto pelas dificuldades linguísticas", conclui a investigadora. "É preciso apoiar este potencial".

Texto: Paula Telo Alves

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