Jean-Paul Fischer Foto: Guy Jallay |
"Depois de 2009 temos estado a negociar a convenção colectiva para o sector da construção, entre os dois sindicatos e o patronato, mas não chegamos a um acordo. Tivemos um stop do patronato nas negociações porque querem aumentar as horas de trabalho. Ao início, a proposta do patronato era de 54 horas por semana e agora estão nas 52 horas. Não estamos de acordo e no dia 4 de Maio temos uma manifestação para demonstrar isso ao patronato", diz Jean-Paul Fischer, responsável do sector da construção e do artesanato do LCGB.
Actualmente, a lei luxemburguesa diz que o trabalho é de 40 horas por semana e pode chegar ao máximo de 48 horas, em caso de horas suplementares. O LCGB diz que se não houver acordo podem avançar para a greve.
"Se não chegarmos a um acordo podemos avançar para a greve no sector, porque as pessoas não querem trabalhar mais do que agora. Além da questão legal, é preciso ver que se há um acidente no local de trabalho as coisas complicam-se. A fadiga mata e o risco de acidente com 52 horas de trabalho por semana é elevado", avisa o responsável do LCGB.
O sindicalista avança as supostas razões do patronato para o aumento do número de horas e garante que nenhum trabalhador vai aceitar.
"Eles dizem que é para compensar as paragens durante o mau tempo e porque as pessoas querem trabalhar mais, mas os delegados sindicais estiveram nas obras e não há sequer um trabalhador que quer trabalhar mais de 48 horas. As pessoas estão chateadas e é por essa razão que os sindicatos vão ter a primeira manifestação de Bertrange", diz Fischer, que vê na proposta do patronato um problema difícil de superar.
"Actualmente, em casos de intempérie, os trabalhadores ficam em casa e recebem apenas 80 % do salário. Com a proposta do patronato os trabalhadores podem vir a receber 100 %, mas em troca vão ter de trabalhar 52 horas. Aqui é preciso ver que à primeira gota de chuva as pessoas não vão querer trabalhar, mas sim ir para casa e ganhar na mesma os 100 %. Já se o patrão quiser obrigá-los a ficar no local de trabalho não podemos fazer nada. Não podemos dizer aos trabalhadores para irem para casa e isso já é um problema que se coloca à partida".
O LCGB adianta ainda que nos últimos 10 anos os trabalhadores receberam apenas dois pequenos aumentos salariais e vão propor novos aumentos.
"Nos últimos 10 anos houve apenas dois aumentos mínimos: em Janeiro de 2007 e de 2008, ambos de 10 cêntimos por hora. Por isso, propomos para os próximos três anos um aumento salarial de 3 %, sendo 1 % para cada ano. Quanto ao prémio do final de ano, actualmente os trabalhadores recebem 5 % das horas de trabalho durante o ano, mas queremos que passe a 6 %, dado que cada vez que estiverem com baixa médica perdem 25 % desse prémio", propõe Jean-Paul Fischer.
O LCGB e a OGB-L esperam duas mil pessoas na manifestação que vai ter lugar no Centro Cultural e Desportivo Atert, em Bertrange, pelas 19h. O apelo fica feito: "É preciso investir uma hora nesta manifestação para evitar que se trabalhe 52 horas". No Luxemburgo, o sector da construção civil emprega 14 mil trabalhadores e cerca de 12 mil são de origem portuguesa.
Henrique de Burgo
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