domingo, 6 de maio de 2012

Alunos de Echternach e Grevenmacher sem aulas de Português desde o Natal

Foto: Marc Wilwert
Margarida Silva está indignada. Tem dois filhos inscritos nos cursos de Português no Liceu Joseph Bech, em Grevenmacher, mas os alunos estão sem aulas desde o final do primeiro trimestre.

"Só houve aulas até às férias de Natal", conta Margarida Silva. "A professora ficou doente e comunicou aos miúdos que ia enviar trabalhos para eles fazerem em casa, mas eu nunca recebi nada, nem eu nem os pais com quem falei", diz.

A professora, que também dava aulas em Echternach, ficou de baixa médica nessa altura. Mas apesar da insistência dos pais junto do Serviço de Ensino de Português no Luxemburgo, continua sem ser substituída.

"No Serviço de Ensino explicaram-me que como a professora apresenta sempre certificados de menos de trinta dias, renováveis, eles não podem substituí-la. Dizem que de Portugal não podem enviar ninguém para um período igual ou inferior a 30 dias, e que também não podem pedir aos professores que cá estão para a substituir, porque já estão com o programa completo", conta a mãe.

Resultado: os 117 alunos que frequentam o chamado ensino paralelo em Grevenmacher e Echternach estão sem aulas há mais de quatro meses.

Margarida Silva nunca mais teve notícias sobre a substituição da professora. Até à semana passada, quando recebeu uma carta do Serviço de Ensino de Português no Luxemburgo. Mas em vez de propor uma solução para os alunos, a carta informa os pais sobre a cobrança de propinas no próximo ano lectivo.

"Recebemos uma carta a informar sobre as mudanças para o próximo ano lectivo, que explica que vamos passar a ter de pagar 120 euros. Mas não explica o que se passa neste ano lectivo, e se vão substituir a professora. É revoltante. Por é que no próximo ano vamos pagar os 120 euros? E se volta a acontecer uma situação destas?", indigna-se a mãe.

Margarida Silva ainda não decidiu se vai pagar as propinas. O prazo para a pré-inscrição termina amanhã, dia 3 de Maio, e à cautela, vai fazer a pré-inscrição. Mas admite que os filhos estão desiludidos. "As crianças estão desiludidas. O mais velho é capaz de não ter horários compatíveis, e já me disse que se tiver de repetir o ano, não quer, porque não quer repetir a matéria que já deram no primeiro trimestre".

"O que mais me revolta é que para o Governo nós até agora, como emigrantes, contávamos como o valor do dinheiro que enviávamos todos os meses para Portugal, e a partir do próximo ano contamos com mais 120 euros por cada aluno. E no fundo, quando surgem situações destas, ninguém se preocupa com os emigrantes", queixa-se Margarida Silva.

Contactado por este jornal, o adjunto da Coordenação de Ensino, Joaquim Prazeres, confirma o que já disse aos pais.

"A professora está com um grave problema de saúde, mas tem apresentado atestados inferiores a trinta dias. Nesse período, nós não podemos recrutar novos professores", disse Joaquim Prazeres ao CONTACTO.

O adjunto da Coordenação de Ensino diz que só foi contactado pelos pais em Abril, e que só nessa altura transmitiu o problema ao Instituto Camões.

"Estamos a aguardar instruções do Instituto Camões para podermos recrutar um novo professor. Normalmente a abertura do concurso são três dias úteis, mais três dias para reclamações, e a partir do momento em que tenhamos resposta do Camões, o processo é rápido". E garante que estão a ser estudadas soluções para não prejudicar os alunos neste ano lectivo.

"Os alunos não vão ser prejudicados. Ainda não temos uma situação definida, mas vamos tentar que os alunos não sejam prejudicados por uma situação à qual são estranhos".
Texto: Paula Telo Alves

Sem comentários:

Enviar um comentário