quarta-feira, 6 de junho de 2012

Luxemburgo: Associação guineense com nova direcção

Alberto Mendes é o recém-eleito presidente da
associação dos Filhos da Região do Cacheu
Os sócios e simpatizantes da Associação dos Filhos da Região de Cacheu, no norte da Guiné-Bissau, reuniram-se no sábado à tarde, na cidade do Luxemburgo, para um convívio que assinalou a tomada de posse da nova direcção, eleita em Março, em assembleia-geral. À festa não faltaram os tradicionais comes e bebes e os habituais ritmos africanos que, a par das camisolas oferecidas pela associação aos seus sócios, abrilhantaram um encontro que juntou homens e mulheres, crianças e adultos.

Criada em 2003 e oficializada em 2007 por um grupo de cidadãos daquela região, esta associação, à semelhança das suas congéneres fundadas pelas comunidades guineenses espalhadas pela Europa e no Senegal, visa essencialmente ajudar os seus membros nos respectivos países de acolhimento, neste caso, no Luxemburgo, e reorientá-los no sentido de facilitar a sua integração no Grão-Ducado.

Alberto Mendes, recém-eleito presidente da associação, com quem o CONTACTO esteve à conversa, sublinhou a importância de a "comunidade guineense manter uma boa relação com o país de acolhimento, não só com a comunidade luxemburguesa como também com as restantes comunidades estrangeiras residentes no Luxemburgo".

Para isso, propõe "uma nova direcção que, beneficiando da experiência que alguns membros trouxeram de Portugal e de outras associações, dê continuidade aos trabalhos, mas que, principalmente, se vá adaptando à actual conjuntura que atravessamos".

Com 92 sócios inscritos e actualmente sem sede, recorrendo, muitas vezes, às instalações do CLAE para organizar as suas reuniões trimestrais, a associação detém agora um fundo próprio, com o contributo das quotas mensais (cinco euros) e das jóias anuais dos seus sócios (20 euros para os homens, 10 euros para as mulheres).

Entre outros objectivos, estes fundos têm servido para assegurar a protecção social dos sócios que, por se encontrarem em regime de trabalho temporário, perdem o emprego e, consequentemente, o direito à segurança social e assistência médica.
"Nestas situações, a associação concede 100 euros e a pessoa faz um seguro voluntário na segurança social", descreve-nos Alberto Mendes.

Paralelamente a estas iniciativas, a associação divulga ainda, junto das crianças, jovens e adultos da sua comunidade, os cursos de língua francesa e luxemburguesa que são disponibilizados em colaboração com o OLAI e o CLAE.

Questionado pelo CONTACTO sobre a situação de grande instabilidade que se vive na Guiné-Bissau, e face ao aumento notório do número de guineenses que cada vez mais emigram para o Senegal, para Portugal – tendo em conta os fortes laços históricos, culturais e de amizade que unem estes países – e, a partir deste último, para o Luxemburgo, Alberto Mendes faz um apelo à paz.

"Apelo aos governantes e aos militares da Guiné-Bissau que substituam a força das armas por ferramentas agrícolas para que o povo pare de sofrer, viva em paz e beneficie dos numerosos recursos naturais de que dispõe", diz. E acrescenta até que "a emigração não conduz ao desenvolvimento da Guiné-Bissau".

"Eu sei que a fome, a miséria e a política na Guiné-Bissau não ajudam, mas os nossos compatriotas têm de procurar a paz e a unidade do país, sem as quais é impossível que a Guiné se desenvolva", diz, recomendando aos guineenses que não emigrem, até porque considera igualmente que "a situação no Luxemburgo já não é a mesma de outrora".
"Com a crise na Europa, dentro de poucos anos, o Luxemburgo deixará de ter capacidade de absorção", alerta.
Texto e foto: Gonçalo Guimarães Gomes

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