A falta de motivação e os problemas de disciplina afectam o trabalho dos professores do ensino secundário que deveriam primeiro ser valorizados e beneficiarem de uma formação contínua individualizada, divulgou um estudo da OCDE.
AOrganização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou na semana passada os resultados de um estudo que constitui a primeira comparação internacional sobre as condições de trabalhos dos professores. O estudo, designado TALIS (Teaching and Learning International Survey) decorreu entre Março e Maio de 2003 e Março e Maio de 2008 e apresenta uma análise comparativa das condições de trabalho e do ambiente de ensino e de aprendizagem em escolas de 23 países.
Em cada país, foram seleccionadas 200 escolas públicas e privadas cujos alunos tivessem idades compreendidas entre os 12 e os 14 anos. Em cada escola foram inquiridos 20 professores e o director do estabelecimento.
O Luxemburgo, a Alemanha e a França são alguns dos países que não participaram nesta fase do estudo , preferindo esperar pelos primeiros resultados internacionais.
"A ideia chave é que há necessidade de criar mecanismos mais aperfeiçoados para avaliar e recompensar os bons professores" sublinhou Aart de Geus, secretário geral adjunto da OCDE. Os dados revelam que um em três professores trabalha numa escola onde o director refere haver falta de professores qualificados. No entanto, três quartos dos professores do estudo dizem não receber qualquer reconhecimento quando melhoram a qualidade do seu trabalho e consideram que o seu director de escola não sanciona os maus professores.
"Esta situação pode ser desencorajadora se um professor tiver colegas ao seu lado que não desempenham bem as suas funções mas que não são despedidos", sublinhou M. De Geus, exigindo "contrapartidas" a nível financeiro e no prosseguimento da carreira.
Um dos aspectos sublinhados no relatório é a necessidade dos professores poderem beneficiar de uma formação contínua e individualizada. De acordo com os dados, 55 % dos professores gostariam de ter mais formação contínua. Esta formação poderia incidir sobre a melhoria das práticas de ensino, nomeadamente a nível das disciplinas.
O estudo revela um conjunto de factores perturbadores do bom funcionamento das aulas como o absentismo dos alunos (46 %), os atrasos na chegada às aulas (39 %), a vulgaridade e os insultos (37 %) e a intimidação e a violência verbal em relação a outros alunos (35 %). Um em cada quatro professores refere perder pelo menos 30 % do tempo a conseguir a disciplina na sala de aula e a desenvolver tarefas administrativas.
Este trabalho mostrou existirem grandes diferenças entre os professores a nível individual, o que "sugere uma necessidade de melhorar as competências dos professores tomados individualmente e não apenas o ambiente e a disciplina geral numa escola", pode ler-se no relatório.
De acordo com as estimativas, existem na União Europeia, 6.250.000 professores que "necessitam de toda a ajuda que as autoridades competentes possam fornecer para garantir um ensino apropriado num ambiente escolar em rápidas mudanças" avançou o Comissário Europeu para a Educação, Formação, Cultura e Juventude, Jan Figel. O Comissário acrescenta ainda ser necessário que "os responsáveis políticos façam prova de determinação e esforço para acompanhar os professores, não somente reforçando a sua formação, mas melhorando as suas condições de trabalho".
Mais de 80 por cento dos professores da amostra TALIS trabalhavam em escolas cujo director afirmou que a avaliação do estabelecimento teve um impacto na devolução da informação à escola, na aferição do trabalho dos professores e no auxílio aos professores em melhorar as suas competências pedagógicas.
AOrganização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou na semana passada os resultados de um estudo que constitui a primeira comparação internacional sobre as condições de trabalhos dos professores. O estudo, designado TALIS (Teaching and Learning International Survey) decorreu entre Março e Maio de 2003 e Março e Maio de 2008 e apresenta uma análise comparativa das condições de trabalho e do ambiente de ensino e de aprendizagem em escolas de 23 países.
Em cada país, foram seleccionadas 200 escolas públicas e privadas cujos alunos tivessem idades compreendidas entre os 12 e os 14 anos. Em cada escola foram inquiridos 20 professores e o director do estabelecimento.
O Luxemburgo, a Alemanha e a França são alguns dos países que não participaram nesta fase do estudo , preferindo esperar pelos primeiros resultados internacionais.
"A ideia chave é que há necessidade de criar mecanismos mais aperfeiçoados para avaliar e recompensar os bons professores" sublinhou Aart de Geus, secretário geral adjunto da OCDE. Os dados revelam que um em três professores trabalha numa escola onde o director refere haver falta de professores qualificados. No entanto, três quartos dos professores do estudo dizem não receber qualquer reconhecimento quando melhoram a qualidade do seu trabalho e consideram que o seu director de escola não sanciona os maus professores.
"Esta situação pode ser desencorajadora se um professor tiver colegas ao seu lado que não desempenham bem as suas funções mas que não são despedidos", sublinhou M. De Geus, exigindo "contrapartidas" a nível financeiro e no prosseguimento da carreira.
Um dos aspectos sublinhados no relatório é a necessidade dos professores poderem beneficiar de uma formação contínua e individualizada. De acordo com os dados, 55 % dos professores gostariam de ter mais formação contínua. Esta formação poderia incidir sobre a melhoria das práticas de ensino, nomeadamente a nível das disciplinas.
O estudo revela um conjunto de factores perturbadores do bom funcionamento das aulas como o absentismo dos alunos (46 %), os atrasos na chegada às aulas (39 %), a vulgaridade e os insultos (37 %) e a intimidação e a violência verbal em relação a outros alunos (35 %). Um em cada quatro professores refere perder pelo menos 30 % do tempo a conseguir a disciplina na sala de aula e a desenvolver tarefas administrativas.
Este trabalho mostrou existirem grandes diferenças entre os professores a nível individual, o que "sugere uma necessidade de melhorar as competências dos professores tomados individualmente e não apenas o ambiente e a disciplina geral numa escola", pode ler-se no relatório.
De acordo com as estimativas, existem na União Europeia, 6.250.000 professores que "necessitam de toda a ajuda que as autoridades competentes possam fornecer para garantir um ensino apropriado num ambiente escolar em rápidas mudanças" avançou o Comissário Europeu para a Educação, Formação, Cultura e Juventude, Jan Figel. O Comissário acrescenta ainda ser necessário que "os responsáveis políticos façam prova de determinação e esforço para acompanhar os professores, não somente reforçando a sua formação, mas melhorando as suas condições de trabalho".
Mais de 80 por cento dos professores da amostra TALIS trabalhavam em escolas cujo director afirmou que a avaliação do estabelecimento teve um impacto na devolução da informação à escola, na aferição do trabalho dos professores e no auxílio aos professores em melhorar as suas competências pedagógicas.
O CASO DE PORTUGAL
Porém, esta situação não se apresenta da mesma forma em todos os países. Segundo um comunicado do Ministério da Educação, Portugal aparece no estudo como o terceiro país com a percentagem mais elevada de professores em escolas que não tiveram nenhuma aferição de desempenho e também o terceiro país com mais elevada percentagem de professores em escolas que não foram alvo de qualquer avaliação externa.
O documento aponta que Portugal tem um cenário "preocupante" para as "carreiras e vidas profissionais dos professores" devido à falta de um sistema de avaliação de desempenho dos docentes, revela o relatório divulgado pelo Ministério da Educação. Portugal implementou, entretanto, um processo de avaliação de desempenho dos professores, que está longe de ser consensual e tem sido alvo de muitas críticas por parte dos sindicatos.
A OCDE aconselha os países que não dispõem de sistemas de avaliação formalizados e generalizados a nível nacional a introduzi-los rapidamente ou, eventualmente, a melhorá-los. Por outro lado, é um incentivo para a melhoria das práticas dos professores, em particular onde se revele necessário melhorar o desempenho face às dificuldades encontradas, como a gestão de alunos com comportamentos difíceis, alunos com origens sociais, culturais e linguísticas heterogéneas.
O estudo analisou também a actividade e as exigências que se colocam aos directores da escola dos 23 países e revelou os baixos níveis de autonomia que dispunham para tomar decisões relevantes relativamente à gestão do pessoal docente. Os dados mostram que apenas 22,8 % dos professores trabalham em escolas onde o director pode despedir os professores (média global 60,7 %); 4,6 % trabalham onde o director pode definir o salário dos professores (24,3 %); 7,2 % trabalham em escolas onde o director pode decidir os aumentos salariais (25,6 %).
Relativamente à situação portuguesa, o relatório refere ainda que os presidentes dos conselhos executivos das escolas revelavam mais competências no âmbito do desempenho das funções tradicionais da gestão escolar do que nas funções de cariz pedagógico e orientadas para a melhoria do desempenho dos profissionais e das práticas de ensino e aprendizagem.
Estes dados significam que ainda haverá um vasto caminho a percorrer a nível da formação e avaliação de professores que contribua para a melhoria dos ambientes de ensino e aprendizagem nas escolas.
O documento aponta que Portugal tem um cenário "preocupante" para as "carreiras e vidas profissionais dos professores" devido à falta de um sistema de avaliação de desempenho dos docentes, revela o relatório divulgado pelo Ministério da Educação. Portugal implementou, entretanto, um processo de avaliação de desempenho dos professores, que está longe de ser consensual e tem sido alvo de muitas críticas por parte dos sindicatos.
A OCDE aconselha os países que não dispõem de sistemas de avaliação formalizados e generalizados a nível nacional a introduzi-los rapidamente ou, eventualmente, a melhorá-los. Por outro lado, é um incentivo para a melhoria das práticas dos professores, em particular onde se revele necessário melhorar o desempenho face às dificuldades encontradas, como a gestão de alunos com comportamentos difíceis, alunos com origens sociais, culturais e linguísticas heterogéneas.
O estudo analisou também a actividade e as exigências que se colocam aos directores da escola dos 23 países e revelou os baixos níveis de autonomia que dispunham para tomar decisões relevantes relativamente à gestão do pessoal docente. Os dados mostram que apenas 22,8 % dos professores trabalham em escolas onde o director pode despedir os professores (média global 60,7 %); 4,6 % trabalham onde o director pode definir o salário dos professores (24,3 %); 7,2 % trabalham em escolas onde o director pode decidir os aumentos salariais (25,6 %).
Relativamente à situação portuguesa, o relatório refere ainda que os presidentes dos conselhos executivos das escolas revelavam mais competências no âmbito do desempenho das funções tradicionais da gestão escolar do que nas funções de cariz pedagógico e orientadas para a melhoria do desempenho dos profissionais e das práticas de ensino e aprendizagem.
Estes dados significam que ainda haverá um vasto caminho a percorrer a nível da formação e avaliação de professores que contribua para a melhoria dos ambientes de ensino e aprendizagem nas escolas.
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