quarta-feira, 15 de julho de 2009

Mundial2010: Carlos Queiroz - Da euforia à incerteza, em apenas um ano

O regresso de Carlos Queiroz à selecção de futebol mereceu elogios e o amplo consenso em Portugal, mas um ano de resultados sofríveis transformou a euforia num mar de dúvidas quanto ao futuro.

A "ditadura" dos resultados - mais do que das exibições, que, ainda assim, também não têm convencido - coloca Queiroz em situação fagilizada, como frágil são as perspectivas de apuramento de Portugal para o Mundial2010, na África do Sul, o que tem causando um menor interesse e euforia nos adeptos lusos em relação à "era" Scolari.

Cumpridas seis jornadas, Portugal, com nove pontos, está a distantes sete da líder Dinamarca (16) e a quatro da surpreendente Hungria (13), podendo ainda ser apanhado pela Suécia (seis), que tem um jogo a menos.

Mesmo ganhando as quatro "finais" que tem para disputar, o primeiro lugar parece já uma mera ilusão e mesmo o segundo posto (que poderá dar acesso ao play-off) está difícil de obter.

Depois de ter atingido a final no Euro2004 e as meias-finais no Mundial2006, os portugueses habituaram-se a brilhar nas grandes competições internacionais, mas a actual equipa das "quinas", em processo de renovação, está longe de cativar e convencer. A herança deixada pelo treinador brasileiro Luiz Felipe Scolari é pesada - resultados de relevo e uma equipa muito motivada - e o corte natural (até face às diferentes personalidades) com o estilo do brasileiro não tem corrido da melhor forma.

Queiroz abandonou o ambicioso projecto do Manchester United para remodelar a selecção e dar-lhe amplitude - e mais opções em campo - para poder lutar de forma consistente por um inédito título europeu ou mundial sénior, mas, por diversos motivos, as contas estão a sair furadas. A falta de sorte também tem perseguido a selecção, com lesões sucessivas em jogadores nucleares, o que tem impedido Carlos Queiroz de criar um sólido onze base, já que tem sido forçado a sucessivas alterações e experiências que têm prejudicado a solidez do modelo de jogo luso, que raramente proporcionou bons momentos de futebol.

Os números dizem que Portugal ainda não ganhou a equipas do seu "tamanho", mas essa tendência foi já herdada dos últimos tempos de Luiz Felipe Scolari. A personalidade de Carlos Queiroz é oposta à de Scolari, mais efusivo e contagiante, e o futebol da equipa nacional tem reflectido isso dentro de campo. Dando seguimento à sua fama de pensador do futebol, Queiroz (bicampeão do mundo júnior) está a preparar o futuro - pelo menos sobram os casos de futebolistas a estrear-se pela selecção -, mas agora fá-lo sem tempo nem espaço de manobra para cometer mais qualquer deslize. O desempenho na visita à Dinamarca (5 de Setembro), nos dois desafios com a Hungria (a 9 de Setembro, fora, e a 10 de Outubro, em casa) e na recepção a Malta (14 de Outubro) decidirão se Queiroz terá ou não um lugar de ouro na história do futebol português sénior.

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