O CEPS/INSTEAD publicou recentemente um estudo assinalando que nos últimos anos, o Luxemburgo assistiu a um aumento do número de recrutamentos mas ao mesmo tempo subiu também a taxa de desemprego. No documento, o CEPS/INSTEAD procura explicar este fenómeno através da análise das práticas de recrutamento das empresas.
O CEPS/INSTEAD (Centro de estudo das populações, da pobreza e das políticas socioeconómicas / International Network for Studies in Technology, Environment, Alternatives, Development) vem reflectir sobre o facto de que embora o número de empregos entre 2001 e 2006 tenha aumentado em média 3 %, a taxa de desemprego duplicou no mesmo período, passando de 2,5 para 5 %.
Em 2006, houve 77.000 recrutamentos. No entanto, 16.000 pessoas ficaram no desemprego. Entre estas, 3.500 são desempregados residentes de longa duração.
Uma primeira questão que o CEPS/INSTEAD coloca é a de saber o porquê do aumento do desemprego no Luxemburgo. Mireille Zanardelli e Jacques Brosius, responsáveis pelo estudo, identificam várias razões que poderão explicar esta situação.
Segundo os autores do estudo, o emprego não aumenta por causa da rigidez dos salários em baixa, o que significa que aqueles que procuram emprego não estão dispostos a trabalhar abaixo de um certo nível de remuneração. Ora, se os salários não baixam, as empresas também não são incentivadas a empregar.
Em segundo lugar, existe uma inadequação entre a oferta e a procura de emprego. Desta forma, certas pessoas tornam-se "não-empregáveis", porque os critérios de oferta de emprego não correspondem às suas qualificações.
Por último, a intensificação da concorrência entre os fronteiriços e os residentes que se encontram perante um mercado de trabalho que não mudou forçosamente do ponto de vista estrutural nestes últimos anos. Desta forma, os empregos são idênticos, mas para uma mesma oferta de emprego, os residentes são confrontados com a concorrência fronteiriça.
A abordagem do CEPS/INSTEAD em relação ao aumento do desemprego no Luxemburgo baseia-se no tipo de práticas de recrutamento existentes nas empresas.
Os autores do estudo referem em primeiro lugar, a importância das redes informais de recrutamento aos quais as empresas recorrem com frequência. Estas redes falseiam a informação sobre as ofertas de emprego realmente disponíveis e reduzem sensivelmente a sua visibilidade. Para Zanardelli e Brosius, no caso do Luxemburgo, esta prática tem consequências negativas para os residentes, fruto da forte taxa de trabalhadores emigrantes e fronteiriços. Como os empregadores fazem apelo à rede de conhecimentos quando lançam uma oferta de emprego, a presença de fronteiriços no mercado de trabalho apela à chegada de outros conterrâneos, o que limita a visibilidade de ofertas de emprego para os residentes.
Cristina Campos
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