O envolvimento de José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo do primeiro-ministro, na recepção de envelopes de dinheiro que serviram para alegados subornos que envolveriam o próprio José Sócrates no Caso Freeport, foi mencionado no noticiário das 20h desta sexta-feira da TVI, o primeiro depois do afastamento de Manuela Moura Guedes do programa.
Já na quinta-feira, a revista Sábado tinha avançado que a PJ de Setúbal mandara juntar ao processo Freeport uma carta anónima que implicava directamente o primo de José Sócrates.
O director da Polícia Judiciária (PJ), Almeida Rodrigues, revelou hoje à Agência Lusa que "o conteúdo da carta anónima" que implica um primo de José Sócrates na entrega de subornos para obter o lienciamento do Feeport "seja destituído de fundamento".
"A ser assim, como tudo indica que seja, terão de ser extraídas as necessárias consequências jurídico-penais", disse à Lusa Almeida Rodrigues, no que pode ser entendido como uma possibilidade de ser aberto um inquérito para averiguar um crime de denúncia caluniosa e os seus autores.
Quanto às razões para José Paulo Bernardo Pinto de Sousa não ter sido ouvido pelas autoridades, Almeida Rodrigues não se quis pronunciar.
O "Jornal de Sexta" foi rebaptizado "Jornal da Noite", por esta ocasião, e Patrícia Matos, substituiu Manuela Moura Guedes como pivô.
FAQ: O que está em causa
no "Caso Freeport"
O processo Freeport está relacionado com alegadas suspeitas de corrupção e tráfico de influências no licenciamento do espaço comercial, em 2002, para a construção do gigantesco Outlet (centro comercial com armazéns de grandes marcas) em Alcochete, quando o actual primeiro-ministro, José Sócrates, era ministro do Ambiente (do Governo de António Guterres).
O processo Freeport tem como arguidos confirmados Charles Smith, Manuel Pedro, Eduardo Capinha Lopes, Carlos Guerra, José Manuel Marques e José Dias Inocêncio.
Charles Smith e Manuel Pedro prestaram consultoria ao negócio do 'outlet' de Alcochete, o arquitecto Eduardo Capinha Lopes ficou encarregado do projecto do espaço comercial, Carlos Guerra presidiu ao ex-Instituto de Conservação da Natureza (ICN), José Manuel Marques foi vice-presidente do mesmo organismo e consultor da Câmara Municipal de Alcochete, e José Dias Inocêncio foi presidente da autarquia.
A investigação do caso Freeport está a cargo do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), dirigido pela procuradora-geral adjunta Cândida Almeida.
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