sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Portugal/Legislativas: Cenários de coligação com PS dominaram campanha do BE, mas Louçã diz "Não"

A três dias das eleições legislativas, a campanha do BE fica marcada pela provável passagem do partido a terceira força política, o que tem "aquecido" o debate político com a discussão quase diária de eventuais coligações com o PS.

Desde o início do período oficial de campanha que Francisco Louçã tem focado a sua atenção na derrota da maioria absoluta dos socialistas, rejeitando qualquer espécie de acordo ou aliança com um partido "que quer vencer".

No entanto, foi depois de o antigo Presidente da República Mário Soares ter dito que não lhe "repugnava" um acordo pós-eleitoral com o BE que a questão ganhou maior impacto mediático na campanha.

Poucas horas depois das palavras do fundador do PS, Francisco Louçã fez questão de afirmar num comício em Santarém que o seu partido não segue uma política de "arranjos" e desde então tem vindo a acentuar o seu discurso, afirmando categoricamente que qualquer acordo é totalmente impossível.

"A nossa resposta [a possíveis acordos] tem três letras: Não, não fazemos", afirmou Louçã perante cerca de 500 apoiantes em Braga.

Durante toda a campanha, o coordenador do BE tem lançado críticas às "maiorias absolutas" do PS e da "direita" (cujos rostos faz questão de apontar: Cavaco Silva, Manuela Ferreira Leite, Durão Barroso, Santana Lopes e Paulo Portas), mas à entrada para os dois últimos dias de campanha, Louçã foi claro e disse que a partir de agora o seu 'alvo' será exclusivamente José Sócrates e a acção do Governo socialista.

Até porque, na opinião de Louçã, o afastamento de Fernando Lima no caso das alegadas escutas à Presidência da República (outro assunto que marcou a campanha eleitoral) "matou" a campanha do PSD.

"Há uma campanha que morreu (…) há uma campanha eleitoral que se esvaziou como um balão furado, que é a campanha de Manuela Ferreira Leite, que assentou baterias a partir desta 'inventona', que alimentou e que desenvolveu e que desaparece", afirmou em Coimbra.

Com uma agenda de campanha muito virada para os distritos onde o BE tem hipóteses de crescer mais nas votações - Lisboa, Porto, Setúbal, Santarém, Coimbra e Braga -, os bloquistas tiveram também algumas "contrariedades", como a notícia de que Louçã e vários dirigentes do partido já tiveram ou têm planos de poupança reforma, que o bloquista teve de explicar aos jornalistas e com a qual foi confrontado muitas vezes nas ruas por onde passou.

Nas últimas duas semanas, o BE tem-se apresentado ao eleitorado socialista que deu a maioria absoluta a José Sócrates como representante "da esquerda" e das suas 'bandeiras': revogação do Código do Trabalho, imposto sobre as grandes fortunas para garantir a sustentabilidade da Segurança Social e o fim das parcerias público/privado na saúde.

Neste contexto, Louçã já citou por diversas vezes na campanha o nome de vários 'pesos pesados' do PS - Mário Soares, Manuel Alegre e António Arnaut - para sustentar a bondade das suas políticas perante o eleitorado mais à esquerda.

Louçã tem dito ainda que o reforço que o BE pode ter no domingo, estabelecendo-se como terceira força política, é o "passo decisivo" para uma mudança no panorama político nacional, de forma a que o partido possa vir a "determinar" cada vez mais as decisões tomadas no Parlamento.

"Esquerda ou maioria absoluta, esquerda ou maioria absoluta, esquerda ou maioria absoluta", gritou Louçã no comício de quarta-feira, no Barreiro, com as suas intervenções a registarem uma subida de tom à medida que se aproxima o último dia de campanha.
Foto: Lusa

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