sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Portugal/Legislativas: PSD termina campanha recordando que Ferreira Leite e Sócrates são pessoas "radicalmente diferentes"

A presidente do PSD dedica o final da sua campanha às duas maiores cidades do país e procura, nesta recta final, acentuar que os portugueses vão optar entre dois caminhos e duas pessoas “radicalmente diferentes”.

“No próximo domingo vai estar em causa uma verdadeira escolha. Não é uma eleição qualquer ou uma eleição em que os projectos se confundam, uma eleição em que as pessoas que os personificam se confundam, é uma eleição em que estão em causa dois caminhos completamente diferentes para o país”, disse, em Vila Nova de Gaia.

Ontem a presidente do PSD passou a tarde e a noite no Porto e hoje, sexta-feia, encerra a campanha em Lisboa.

Numa altura em que as sondagens apontam para uma subida do PS nas intenções de voto, mas também para a existência de um terço de indecisos, Ferreira Leite desvaloriza a vantagem dos socialistas, lembrando o que aconteceu nas europeias – que o PSD venceu contra o que previam praticamente todos os estudos de opinião.

“Preocupam-me tanto quanto me preocuparam as sondagens feitas para as eleições europeias, que não foram há muito tempo”, comentou a presidente do PSD – dando a mesmo resposta que deu ao longo da campanha sempre que foi questionada sobre as sondagens.

PSD apostou tudo na denúncia da asfixia democrática socrática


O discurso do PSD desenvolveu-se em torno de dois eixos principais – a denúncia de um clima de “asfixia democrática” e de “medo” causado pelo PS e a responsabilização do primeiro-ministro, José Sócrates, pelo “empobrecimento do país”.

Ferreira Leite acusou Sócrates de ter conduzido a economia a “uma situação de catástrofe” e de se desculpar com a crise internacional. “O povo não esquece que a crise é do PS”, gritou todos os dias a JSD.

O tema do estado da democracia e da liberdade de expressão em Portugal tornou-se central a partir do sexto dia de campanha oficial para as legislativas, em que a presidente do PSD disse que o PS “trouxe o medo” a Portugal como não acontecia desde o 25 de Abril e que as pessoas temem ser escutadas.

O apelo ao voto útil no PSD como única forma de “tirar de lá o engenheiro Sócrates” foi uma constante no discurso de Ferreira Leite.

Contudo, uma sucessão de “casos” ou “fait-divers” – nas palavras da presidente do PSD – intrometeu-se na mensagem social-democrata, a começar pelas reacções de Espanha à sua oposição ao TGV, passando pela alegada compra de votos na distrital de Lisboa do PSD e terminando com o caso das “escutas” a Belém.

A manchete do DN que identificava Fernando Lima como a fonte de uma notícia do Público sobre alegadas suspeitas de espionagem a Belém, com base num e-mail interno daquele jornal, “insuflou” nos dias seguintes a retórica social-democrata sobre um clima de condicionamento que atingia também jornalistas.

Três dias depois, o afastamento de Fernando Lima da assessoria de Belém decidido pelo Presidente da República teve o efeito oposto – embora o PSD negasse que esta demissão tivesse afectado a sua campanha e o fundamento da sua denúncia da “asfixia democrática”.

Se a comitiva do PSD preferiu a reserva sobre aquela decisão de Cavaco Silva, já o cabeça-de-lista social-democrata por Santarém, Pacheco Pereira, veio publicamente considerar que o Presidente “interferiu de facto na campanha eleitoral” e “mais valia agora que dissesse tudo” o que tem para dizer.

Nos últimos dias de campanha, o PSD apostou em acenar com a possibilidade de o PS vir a entender-se com o BE, afirmando que “o país é que deve temer esse cenário”.
Foto: Lusa

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