
António Cavaco Silva é um pintor autodidacta que fez toda a sua aprendizagem através da leitura, observação e experimentação. Tem actualmente 62 anos mas, aos 55, foi-lhe diagnosticada esclerose lateral amiotrófica, uma doença neurodegenerativa progressiva, que agora o impede de continuar uma das suas paixões.
"É uma doença neurológica que vai atingir os músculos e fazendo com que a pessoa fique cada vez mais incapacitada, perdendo força muscular. Vão-se tornando dependentes das outras pessoas, cada vez mais debilitadas mas a cabeça continua a funcionar", explicou Isabel Galriça Neto, directora da unidade de cuidados paliativos do Hospital da Luz, em Lisboa, onde decorreu a cerimónia.
No jardim interior do piso -1, António, numa cadeira de rodas, percorreu inicialmente as 20 aguarelas expostas na companhia da mulher e de uma das filhas, bem como da cunhada, Maria Cavaco Silva.
"A qualidade da pintura do meu cunhado não é propriamente uma surpresa porque já a conheço há muitos anos. Esta exposição é muito especial porque sabemos que ele agora já não consegue pintar, pelo que estes quadros são uma espécie de despedida também. A arte ajudou-o muito a atravessar estes anos particularmente difíceis", afirmou a primeira-dama.
Depois, António foi surpreendido pela presença do irmão, Cavaco Silva, o que o deixou visivelmente emocionado e sem 'vontade' de falar aos jornalistas presentes no local.
"A paixão pela pintura tem estado presente na vida do meu pai desde sempre, mesmo quando exercia engenharia. Desde menina que me lembro dele pintar. Foi autodidacta, foi experimentando materiais, óleos, aguarelas. Nunca tirou o curso", disse Joana Cavaco Silva, filha de António.
À semelhança de outras exposições realizadas pelo artista, 20 por cento das vendas revertem a favor da Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica.
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