Eduardo Rodrigues tem desenvolvido uma carreira internacional importante como Físico de Partículas Elementares. Dirige desde 2007 uma vasta equipa de análise e investigação no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN) em Genebra, na Suíça.
De passagem pelo Luxemburgo, o jovem luso-descendente falou ao CONTACTO do seu trabalho e percurso no mundo das "partículas".
Eduardo Rodrigues participou a 19 de Novembro numa conferência, a convite da Universidade do Luxemburgo, inserida no ciclo de palestras "As quintas-feiras das Ciências".
Eduardo tentou simplificar algo complicado como a "a matéria e a antimatéria - da cosmologia às partículas elementares" (tema da conferência), em palavras e ideias simples, acessíveis a todos. "Além da matéria, ou seja, tudo aquilo que nos rodeia, é necessário compreendermos que existe também uma antimatéria, que é algo que se pode criar, dentro de limites, e que poderá ter várias e importantes aplicações, tais como, no capítulo da medicina, por exemplo", explica o jovem cientista.
Actualmente a trabalhar no CERN, pela Universidade de Glasgow (Escócia), Eduardo e a sua equipa tentam "compreender como um certo tipo de matéria, que deveria ter sido produzida no inicio do Universo, não existe ainda". Daí que "um estudo deste fenómeno em detalhe, impõe-se, para que se possa avançar para uma nova Física, que ainda não conhecemos e ir além das teorias modernas". Projecto grandioso e inovador que demorou mais de 15 anos a preparar, e que "não tem prazos para se terminar", conta Eduardo.
Eduardo tinha 13 anos quando partiu de Portugal com a mãe (a escritora Dulce Rodrigues) e o irmão gémeo (o fotógrafo Gustavo Rodrigues), para Arlon, na Bélgica. Depois de se ter licenciado em astronomia na Universidade de Liège, sentiu que a sua vida iria ficar ligada às "partículas elementares". A sua carreira internacional e as suas viagens começaram.
O jovem físico acredita que "actualmente, Portugal e o Luxemburgo ainda não têm condições para que se possa desenvolver um trabalho coeso nesta área", contrabalançando com países como a Holanda, e a cidade de Amsterdão, que considera ser uma das "referências europeias nesta matéria.
O jovem cientista recorda igualmente que os subsídios são fundamentais para se fazer investigação: "Não é só em Portugal que existe falta de fundos. Actualmente, em Inglaterra, por exemplo, assiste-se a cortes orçamentais na ordem dos 25 % na área da investigação".
Antes de voltar para a Suíça, Eduardo deixa um conselho: "O melhor a fazer quando se quer seguir esta área, é viajar o mais possível e fazer um doutoramento num pais estrangeiro: toda essa experiência internacional trará competências e novas visões para que se possa avançar e inovar".
Texto e Foto: Gualter Veríssimo
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