A Espanha quer que as forças navais da União Europeia façam o bloqueio dos portos da Somália de onde partiu a maioria dos ataques de piratas no Oceano Índico, anunciou quarta-feira a ministra da Defesa, Carmen Chacon.
"A Espanha proporá aos nossos parceiros da União Europeia, durante um encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa segunda e terça-feira, que nos concentremos nos esforços militares ao bloqueio destes três portos", disse Chacon numa entrevista concedida à rádio pública RNE.
"Sabemos que é destes três portos que partem a maioria, se não a totalidade, dos ´navios almirantes` utilizados pelos piratas para irem até às mil milhas (marítimas) da costa, como fizeram terça-feira, e efectuar sequestros longe da costa", explicou a ministra.
Piratas somalis atacaram segunda-feira sem sucesso um petroleiro com bandeira de Hong Kong a cerca de 1.850 km das costas do seu país, batendo assim um recorde em termos de distância, anunciou o quartel-general da operação naval europeia Atalanta.
Terça-feira, dois porta-contentores, um com bandeira dinamarquesa e outro das ilhas Marshall, foram atacados, também sem sucesso, no Oceano Índico por piratas somalis, sempre segundo a Atalanta.
O ataque do porta-contentores dinamarquês MV Nelle Maersk ocorreu também a cerca de mil milhas marítimas a leste de Mogadíscio. O segundo ataque ocorreu um pouco mais tarde, a cerca de 530 milhas (um milhar de quilómetros) a leste de Dar-es-Salaam.
Os piratas recorrem habitualmente a "navios almirantes" para se deslocarem a centenas de milhas em alto mar e passar em seguida ao ataque a bordo de pequenas embarcações.
"Não são piratas românticos como alguns poderão ser levados a imaginar. São autênticas organizações criminosas que se concentram na tomada de todos os tipos de navios de comércio, traineiras, navios que pertencem ao Fundo alimentar Mundial (FAO), insistiu Chacon.
"Fazem-no para obter resgates e têm ligações com gabinetes jurídicos sofisticados em Londres", acrescentou a ministra, advogando que a comunidade internacional deve fazer mais para seguir os circuitos do dinheiro para entregar aos piratas em troca da libertação dos seus reféns.
Chacon salientou que os piratas somalis retinham actualmente 12 barcos e respectivas tripulações, designadamente o atuneiro espanhol Alakrana e os 36 membros da sua tripulação, desde 02 de Outubro. Reclamam um resgate mas também a libertação de dois dos seus cúmplices prisioneiros em Espanha, segundo a imprensa espanhola.
O governo espanhol excluiu libertá-los mas a ministra disse que eles podem cumprir as suas penas na Somália, caso sejam declarados culpados.
Nos últimos 18 meses, registou-se um aumento significativo da pirataria ao largo da Somália, com ataques que vão desde os pequenos iates até aos grandes petroleiros.
Uma reunião que juntou em Pequim altos quadros das Marinhas de Guerra envolvidas em patrulhas contra os piratas ao largo da Somália alcançou "reais progressos" em forjar uma cooperação mais estreita naquele esforço conjunto, anunciou quarta-feira a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
A reunião juntou os comandantes dos Estados Unidos e dos seus aliados da NATO, da União Europeia, bem como a Rússia, a China, Índia, Paquistão e Japão e outros países envolvidos nas patrulhas marítimas.
A força naval da NATO, comandada pela fragata portuguesa "Álvares Cabral" até Janeiro de 2010, iniciou na segunda-feira as operações na zona do Golfo de Adén.
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