terça-feira, 17 de novembro de 2009

Luxemburgo: Se Juncker for nomeado para presidente da UE, quem o deverá substituir como primeiro-ministro - Luc Frieden ou François Biltgen?

Nos bastidores da política luxemburguesa, há quem veja na eleição de Michel Wolter para presidente do CSV, no sábado, uma forma de libertar François Biltgen para substituir Jean-Claude Juncker, caso este venha eventualmente a ser o primeiro presidente da União Europeia (UE).

O assunto vai ser decidido em Bruxelas esta quinta-feira pelos chefes de Estado e de Governo dos 27 Estados-membros da UE. O presidente da UE pode assumir funções em Janeiro de 2010, caso assim os líderes europeus o decidam.

Se Juncker for o escolhido pelos 27 - e o chefe de Governo luxemburguês já disse que aceitaria o convite se este lhe fosse dirigido - o Luxemburgo fica sem o seu carismático primeiro-ministro dentro de mês e meio, já a partir de Janeiro.

Outros analistas consideram a nomeação de François Biltgen (à direita, na imagem) para chefe do Governo luxemburguês pouco provável e vêem Luc Frieden (à esquerda) como o favorito da população e de Juncker.

Biltgen, de 51 anos, assume de momento pastas tão importantes como a Justiça, as Comunicações, o Ensino Superior e Investigação, e a Função Pública. Com pastas que são verdadeiros estaleiros de obras, Biltgen é um super-ministro difícil de substituir. Fosse ele nomeado para chefiar o Executivo, isso implicaria uma remodelação no Governo, uma redistribuição das pastas ou mesmo novas nomeações.

Biltgen entrou um ano depois de Frieden no Governo, em 1999, e tem sido um ministro com uma carreira linear e autor de políticas mais ou menos consensuais. Um dos seus (únicos) sucessos políticos foi, enquanto ministro do Trabalho, decidir tornar a ADEM – claramente ultrapassada pelo número crescente de desempregados –, numa agência com mais meios e outro tipo de gestão. Mas essa agência só será uma realidade, na melhor das hipóteses, no Verão de 2010, e o sucesso desta restruturação ainda está para provar.

Outro sucesso seu foi conseguir renovar a lei da imprensa em 2004 (datava de 1869!), enquanto ministro das Comunicações. Mas, em contrapartida, com o caso das buscas no CONTACTO que a Justiça luxemburguesa não considerou ilegais, é de questionar a sua autoridade como ministro da Tutela, na aplicação dessa mesma lei.

Biltgen é um ministro bem visto pelos estrangeiros e sobretudo pelos portugueses, simpatia granjeada durante o tempo em que foi presidente da associação Amizade Portugal-Luxemburgo (APL).

Mas junto dos luxemburgueses, Luc Frieden é bem mais popular. Cinco anos mais novo do que Biltgen, Frieden, a quem Juncker atribuiu apenas dois ministérios, mas dos mais importantes, o do Tesouro e o das Finanças, pode vir perfeitamente a cumular essas pastas com o cargo de chefe do Governo, sem que seja necessária uma remodelação governamental. O que seria do agrado dos eleitores luxemburgueses, diz quem conhece as idiossincrasias deste povo.

A seu favor, Frieden tem o facto de a opinião pública luxemburguesa o ver como um bom governante e um gestor sábio das contas públicas. Foi alvo de duras críticas por cumular, na última legislatura (2004-2009), a pasta da Justiça e a tutela da Polícia. Sobretudo quando se tratou de lidar com o famoso "Caso Boomeleeër" (bombista que assolou o Luxemburgo nos anos 80), em que polícias eram suspeitos de estar directamente envolvidos nos atentados bombistas.

Mesmo assim, a sua popularidade não baixou. No último inquérito sobre o político mais popular do país ("Politmonitor", publicado no "Luxemburger Wort", em Maio), Frieden foi o terceiro preferido dos luxemburgueses e o segundo do seu partido, logo depois de Juncker. Biltgen era sétimo na sondagem.

Outro dos sinais de que Frieden pode ser o "delfim" de Juncker é o facto de as carreiras políticas dos dois homens serem muito semelhantes. Frieden foi nomeado ministro muito cedo, aos 34 anos (Juncker aos 30 e Biltgen aos 40), e viu-se logo confiar uma pasta tão importante como a do Tesouro, pasta que Juncker também ocupou. Daí foi para as Finanças, seguindo as pisadas de Juncker. E como Juncker o fora antes (1989-1995), Frieden assume desde 1998 o cargo de governador do Banco Mundial.

Juncker e Biltgen têm em comum o facto de terem sido ministros do Trabalho, presidentes do CSV e de terem um temperamento popular e comunicativo. Frieden é um político mais reservado e grave.

Mas parece muito mais óbvio que a carreira de Frieden foi de certa forma "pilotada" por Juncker, numa intenção nada dissimulada de o preparar para a sucessão.

Sábado, o presidente cessante do CSV, Biltgen, disse apenas que, como a questão da sucessão de Juncker ainda não se coloca, não deve ser discutida. "Mas o partido dispõe de candidatos suficientes", ironizou.
José Luís Correia

2 comentários:

  1. Mal por mal, prefiro o Biltgen porque é mais alegre, sabe falar ao povo, parece menos duro e gosta dos portugueses (fez parte das Amizades Portugal no Luxemburgo).

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  2. Cristina disse:
    O Biltgen nao sabe gouvernar, isso ja todos vimos nos seus ministerios, e pour conhecere e ter trabalhado com o senhor Frieden, eu sei que é uma pessoa correcta e é o que o Luxembourgo precisa para continuar nos railes senao descarrilamos todos!

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