Enquanto no ciclismo a retirada dos auriculares será progressiva, prevendo-se que a total eliminação do suporte rádio seja formalizada em 2012, na natação já ninguém poderá vestir os fatos de poliuretano a partir de 01 de Janeiro.
No caso das duas rodas, a União Ciclista Internacional (UCI) entendeu que as provas, sobretudo as etapas em linha, estavam a tornar-se previsíveis e enfadonhas por culpa das orientações dos directores-desportivos.
Os responsáveis técnicos das formações permitiam as fugas, que iam resistindo até à ordem de acelerar o ritmo para reagrupar o pelotão nos últimos quilómetros e permitir as habituais chegadas ao sprint.
Neste caso, e no entender da UCI, os auriculares não serviam de suplemento ao rendimento dos ciclistas, mas retiravam-lhes a iniciativa individual, em nome da táctica ordenada pelos directores-desportivos.
Bem diferentes foram as conclusões da Federação Internacional de Natação (FINA), assustada com a sucessão de recordes mundiais nos últimos anos, um fenómeno que coincidiu com utilização dos fatos sintéticos.
Em 2008, foram batidos 108 recordes mundiais e este ano os números chegaram aos 160, quando a média anual situava-se entre os 30 e 40 recordes.
Bem elucidativo desta "explosão" foram os 43 recordes do Mundo batidos nos últimos Mundiais, disputados em Julho, em Roma. O anterior "recorde dos recordes" foi absolutamente pulverizado, já que a cifra nunca tinha passado das... 14 marcas.
Graças a uma parceria com a Universidade de Lausana, e sob a orientação técnica de Jan-Anders Manson, a FINA creditou um laboratório que passará a validar os fatos a utilizar a partir de 2010.
A 01 de Janeiro só serão creditados fatos permeáveis e fabricados em materiais têxteis.
Os homens ficarão proibidos de vestir fatos de corpo inteiro (o máximo, um calção da cintura até ao joelho), enquanto as mulheres terão de voltar aos antigos fatos de alças, que também poderão estender-se até ao joelho.
Esta pequena revolução em modalidades de alta competição é um passo atrás nos recursos tecnológicos e um regresso às origens, numa altura em que o debate no futebol sobre a mesma matéria continua aceso, com FIFA e UEFA a manterem a intransigência relativamente a suportes da tecnologia.
Com o argumento da defesa da verdade desportiva e que um erro de arbitragem pode implicar prejuízos de milhões numa modalidade cada vez mais empresarial e industrializada, muita gente defende o recurso às imagens televisivas, como está a suceder, com êxito, no râguebi, ou a técnicas informáticas como o "olho de falcão", um precioso auxiliar no ténis na avaliação de pontos duvidosos.
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