A organização ambientalista portuguesa Quercus considerou hoje que o Acordo de Copenhaga, que foi "registado" ou "tomado nota" e não "adoptado" pelos órgãos da Cimeira, constitui "um fracasso".
"Apesar da Cimeira estar agora oficialmente terminada, o Acordo de Copenhaga foi 'apenas registado' ou 'tomado nota' e não 'adoptado' pelos órgãos da Cimeira e suscita ainda dúvidas sobre o seu valor e enquadramento. Para tal necessitaria do consenso do plenário, com o voto favorável de todos os países, o que não aconteceu. Assim, o acordo, além de representar um fracasso na opinião da Quercus é um documento ainda mais fragilizado", considera em comunicado.
Segundo a direccção nacional da Quercus, "nem o símbolo da Convenção das Nações Unidas deverá vir a estar presente no texto final que, mesmo depois de terminada a Cimeira, ainda recebe algumas correcções".
Reiterando que o "frustrante acordo" "é uma falsa partida com muitos culpados", a Quercus responsabiliza os EUA, que "não querem assumir por agora metas de emissões ambiciosas e vinculativas" e a China, que "se recusou a ver acompanhado internacionalmente o seu esforço de redução de emissões".
Entre os "muitos culpados", a organização identifica também o Canadá, "por trazer uma posição muito fraca para Copenhaga e sem intenção de a melhorar", e o Brasil, por pretender "uma abertura a projectos inadequados no mecanismo de desenvolvimento limpo e que participou activamente com os Estados Unidos na elaboração do famigerado acordo".
Para a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, "é fundamental que a União Europeia se comprometa unilateralmente com uma redução de 20 para 40 por cento das suas emissões de gases com efeito de estufa entre 1990 e 2020".
"Portugal tem também desafios pela frente e deve tomar medidas internas mais coerentes, na área do ordenamento do território, promovendo os transportes colectivos, na área da conservação de energia e eficiência energética, a par das energias renováveis mais sustentáveis, preparando-se para uma verdadeira revolução energética ao longo da próxima década, também aqui citada em Copenhaga pelo Primeiro-Ministro e que a Quercus tem reivindicado", sustenta ainda.
A conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas decidiu hoje "tomar nota" do acordo alcançado na sexta-feira por três dezenas de países, tornando-o assim operacional.
O acordo, hoje apresentado aos 193 países membros da Convenção sobre o Clima da ONU, é um documento de apenas três páginas que fixa como objectivo limitar o aquecimento planetário a dois graus em relação aos níveis pré-industriais.
Prevê também um montante de 30 mil milhões de dólares a curto prazo (para 2010, 2011 e 2012), depois um aumento até 100 mil milhões de dólares até 2020, destinado aos países mais vulneráveis para os ajudar a adaptar-se aos impactos do desregulamento climático.
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