domingo, 20 de dezembro de 2009

Crónica Atitudes & Latitudes : Mais divagações...

Caro leitor,

Quando viajo, apercebo-me da grandeza e da variedade do mundo, das diferenças de culturas, crenças e hábitos. Todos devíamos viajar, senão fisicamente, pelo menos através dos sentidos, da música, das letras, das artes plásticas...

Quando viajava pelo Estado de Arizona, ao atravessar aquelas paisagens imensas e espectaculares apercebi-me de que não somos proprietários da terra, somos meros visitantes... a terra já cá estava antes de nós e vai continuar depois da nossa passagem. Ela partilha generosamente connosco as suas riquezas, sem pedir nada em troca... desde sempre que os grupos humanos viajaram, mudaram de lugar para locais mais propícios à sobrevivência. As fronteiras foram criadas pelo homem. A "propriedade" foi inventada pelo homem. Está na natureza humana melhorar a sua condição de vida, ir para onde ela for mais favorável, sabe Deus por vezes a que preço, com que sacrifício… Se tivermos isto em conta, o nosso mundo e a nossa história pessoal tomam proporções mais adequadas, deixam de ter um peso que por vezes parece “esmagador”. As fronteiras são limites artificialmente estabelecidos pelo homem. Nunca isso foi tão claro para mim.

Viajar – tantas maneiras de viajar pela vida... para mudar de ares... para fugir... para descansar... para melhorar o nível de vida... para visitar um amigo... para ver o sol nascer ... ver o mar... a neve... o deserto... para aprender... por desafio... conhecer outros mundos, outras histórias... Ora, viajar pode portanto ser um objectivo nosso, e, como todos os objectivos, é importante não esquecer que deve ser apenas uma linha de orientação, e não uma directiva rígida; ficarmos obcecados com o destino da viagem pode distrair-nos da própria viagem...

Imaginemos que vai viajar

1. Escolhe o destino. Consoante esse destino tem que planear a viagem, não é verdade? Se for a Roma ou se for à China, vai precisar de coisas diferentes; meios financeiros e práticos para levar por diante o seu plano. Vai viajar de avião? De carro? De bicicleta (como fez um conhecido meu?). De que roupas vai precisar, de que conhecimentos , etc., etc.

2. Agora já decidiu e já programou tudo. Já não precisa de pensar mais no seu destino. Pode apreciar a paisagem, as cores, os costumes que se apresentam no seu percurso.

Assim é a vida. Podemos querer ter saúde, ser um bom pai ou mãe, ter uma carreira, passar num teste, ter umas boas férias, ter paciência - devemos reflectir e planear esse desejo, e depois... fruir cada instante – senão nem nos apercebemos do presente. Perdemos aquilo que a vida tem de mais precioso: o "Agora".

A viagem também pode ser uma fuga – fuga ao tempo, às emoções, aos problemas. A fuga de si próprio. A verdade é que não há escapatória: "Onde quer que eu vá, aí estou eu." – com aquilo que sou, e tudo o que isso comporta. Só mudando interiormente, posso estar onde estou - em paz. "A via está debaixo dos nossos pés", diz um provérbio Zen. Posso ir até à Cochinchina – como costumamos dizer – mas sou sempre o mesmo. Por outro lado, cada instante, cada passo é uma nova oportunidade para mudar algo. Eu fiz as minhas escolhas. E você, caro leitor, para onde deseja viajar e que tipo de viagem deseja fazer – já pensou nisso? Daqui a vinte anos, ou trinta, quando olhar para trás, que tipo de viajante gostaria de ter sido nesta viagem que é a vida? Lembre-se destes dois pressupostos da PNL: O significado da sua comunicação e das suas acções é a resposta e os resultados que você obtém, independentemente da sua intenção. Por isso "Se você fizer o que sempre fez, terá a resposta que sempre obteve". É isso que deseja para a sua vida?

Os padrões de pensamento e comportamento podem ser alterados, se aprender a investigar as suas crenças (o modo como percebe e avalia o mundo), os valores (o que é mais importante para si), as suas estratégias, capacidades e o ambiente que o rodeia. Isto é, aprender a procurar ideias e comportamentos mais ajustados ao caminho que decidiu percorrer nesta vida, à viagem que representa a sua presença neste mundo.

Deixe o seu espírito sonhar... alimente-se dos seus erros (os erros, os acidentes, são manifestações do nosso inconsciente, para nos obrigar a sair do rotineiro, de sistemas que não ousamos deixar para trás...). E as mentiras? Já pensou nisso? Quando mente há um desígnio por detrás, um desejo escondido – o desejo de evitar um castigo talvez... mas também o desejo daquilo que não ousamos. Uma pessoa com a mania das grandezas, que mente quanto ao seu estatuto, está a manifestar um desejo de ser aquilo que não é e gostaria de ser... neste caso, as mentiras são o esconderijo do nosso desejo secreto. Tome nota dos seus erros e das suas mentiras. Aprenda o que elas querem para si. Aprenda a ler e a interpretar os sinais que se surgem na sua vida para fazer as escolhas mais adequadas para si.

Até à próxima.

Teresa Pignatelli
a autora é consultora em programação neuro-linguística
(Rubrica bi-mensal. Próxima publicação: 6 de Janeiro)

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