Em entrevista à Agência Lusa, Petra Lantz, em Cabo Verde desde Março de 2008, lembrou que a ONU está presente no arquipélago desde 1975, após a independência, e que “para as diferentes agências que integram as Nações Unidas tem sido um privilégio acompanhar a sua caminhada, positiva, para o desenvolvimento”.
“Cabo Verde é considerado um dos muito poucos países em África que está bem encaminhado para cumprir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) até 2015. Aliás, há casos frequentes em que os objectivos das suas políticas nacionais são ainda mais ambiciosos do que as metas dos próprios ODM”, defendeu.
“As ambições, as visões e as ideias de Cabo Verde, país que é pobre em termos de recursos naturais, mas rico em capital humano, são um bom exemplo para o Mundo, mostrando que é possível concretizar um desenvolvimento positivo quando há boa governação e um sistema democrático forte”, acrescentou Petra Lantz, natural da Suécia, 55 anos e mestre em Economia.
A coordenadora, que já esteve noutros países de Língua Portuguesa, como Moçambique (duas vezes, uma na qualidade de representante residente do Fundo das Nações Unidas para a População e outra no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e na Guiné-Bissau, garantiu que a ONU vai continuar a apoiar Cabo Verde, tendo como base quatro eixos prioritários.
A boa governação democrática, o crescimento económico, redução da pobreza e assuntos populacionais, a protecção do meio ambiente e a adaptação e mitigação das alterações climáticas, por último, a área do capital humano, com ligações aos sectores da Educação e Saúde são as prioridades.
“Tentamos assegurar que haja maior ênfase nos grupos mais vulneráveis, nas questões dos Direitos Humanos e na igualdade do género e ainda na defesa dos direitos e oportunidades dos jovens. O maior objectivo da assistência da ONU passa pela garantia de que será melhorada a qualidade de vida das populações”, sublinhou Petra Lantz, que já passou também pelo Zimbabué, Estados Unidos (Nova Iorque) e Zâmbia.
“Cabo Verde tem tido um excelente desempenho, não só na identificação dos domínios prioritários, como também na boa execução dos projectos. Algumas actividades, como, por exemplo, a área da governação electrónica, servem já de modelo em todo o Mundo. São boas práticas e um exemplo para os países em desenvolvimento”, realçou.
Salientando que “prefere” dizer que as coisas “não correm mal, mas podem ser melhoradas”, a coordenadora do SNU em Cabo Verde defendeu um maior envolvimento da sociedade civil e do sector privado, considerando que “é fácil” trabalhar com os parceiros, também porque a ONU é “flexível” para responder às necessidades prioritárias emergentes do país.
“O governo, ao criar um clima de confiança e segurança para o investimento, tem vindo a criar um conjunto de legislação económica. Esse pacote legislativo visa a integração de Cabo Verde na economia mundial, o desenvolvimento do sector privado, o incentivo e a promoção do investimento externo como elementos determinantes para o desenvolvimento socio-económico do país”, congratulou-se.
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