Aquele que é considerado como uma das maiores vozes do fado da actualidade, Camané, vai estar em concerto na Philharmonie este sábado, 30 de Janeiro. Contando com a participação de três músicos excepcionais – José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença, na viola clássica, e Paulo Paz, no contrabaixo –, o concerto é a ocasião de apresentar o último trabalho do fadista, "Sempre de mim", editado em Abril de 2008. Este conta com poemas de Pedro Homem de Mello, Luís de Macedo, David Mourão-Ferreira, Fernando Pessoa, Manuela de Freitas, Jacinto Lucas Pires, e músicas de Alain Oulman, José Mário Branco, Alfredo Marceneiro, Fontes Rocha, entre muitos outros.
O concerto regista lotação esgotada há já dois meses, o que prova o grande interesse do público do Grão-Ducado pelos grandes nomes do Fado. Esta é a terceira vez que Camané actua no Luxemburgo, depois de ter subido aos palcos do Grande Teatro da cidade do Luxemburgo, em Maio 2005, e do Centro de Artes Plurais de Ettelbruck (CAPe), em Novembro de 2007.
Camané, de seu verdadeiro nome Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos, vem de um clã fadista que inclui ainda os irmãos Hélder e Pedro Moutinho. Aos 11 anos, ganhou a Grande Noite do Fado. Em 1995, gravou o primeiro álbum, "Uma noite de fados", com o apoio de José Mario Branco na produção. Seguiram-se quatro outros trabalhos discográficos, todos eles sucessos junto do público e da crítica. Camané tem-se afirmado como um defensor intransigente da tradição do fado, sem, no entanto, perder de vista a vontade de explorar novas direcções. Participou, assim, por exemplo, em espectáculos com os Xutos & Pontapés, Sérgio Godinho, Dead Combo e os músicos de jazz Bernardo Sassetti, Mário Laginha e Carlos Bica. Em 2004, integrou o projecto "Humanos", com Manuela Azevedo, dos "Clã", e David Fonseca, um disco e uma digressão em homenagem a António Variações.
Interprete rigoroso e perfeccionista que foge aos artifícios da fama e do palco, Camané procura a "verdade" do fado através da escolha de uma poética sem compromissos, de um canto imaculado e de uma abordagem musical respeitosa mas sempre moderna.
Jorge Rodrigues
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