terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Portugal/Centenário da República: D. Duarte contesta gastos "muito grandes" com as comemorações

O Duque de Bragança disse sábado à Lusa que não se opõe à homenagem aos líderes republicanos "que tinham um ideal", incluindo a Carbonária, mas considera excessivos os 10 milhões de euros destinados às comemorações da República.

"Podemos, e estou de acordo, prestar uma homenagem ao idealismo dos homens que fizeram a Revolução de 5 de Outubro, nomeadamente a Carbonária, que era um movimento terrorista da época, mas eram idealistas dispostos a dar a vida pelas suas causas. Os líderes republicanos que tinham um ideal merecem uma homenagem, mas 10 milhões de euros acho um pouco demais", disse D. Duarte Nuno, Duque de Bragança.

D. Duarte falava à margem do VII Almoço de Reis, promovido em Santarém pela Real Associação do Ribatejo e que se realizou depois de uma reunião da direcção nacional da Causa Real, presidida por Paulo Teixeira Pinto, e que contou com a presença dos presidentes das Reais Associações de todo o país.

"Gastar 10 milhões de euros para celebrar 100 anos que não correram bem não vale a pena, é um desperdício muito grande", disse.

Paulo Teixeira Pinto disse à Lusa que a Causa Real vai tomar uma "posição pública" sobre o dia 31 de Janeiro, dia escolhido para o início das comemorações oficiais do centenário da República, data que considera "adversa" ao ideal monárquico, mas não quis revelar pormenores sobre a iniciativa.

O presidente da Causa Real demarcou-se da iniciativa do Partido Popular Monárquico (PPM), que quer propor um referendo para saber se os portugueses preferem a monarquia ou a república.

Sublinhando que a Causa Real "é o único movimento político oficial monárquico", já que este ideal "não é susceptível de ser considerado um partido", Teixeira Pinto frisou que já tem defendido a realização de um referendo "não para restauro da monarquia, mas à República, o que é diferente".

"Não temos que nos associar a iniciativas do PPM. No limite, o PPM é que poderia ter que se associar a iniciativas da Causa Real", rematou.

Por seu turno, D. Duarte Nuno recordou que a actual Constituição portuguesa proíbe outro regime que não o republicano, pelo que, primeiro, é preciso conseguir que dois terços dos deputados da Assembleia da República aceitem retirar o artigo que declara inalterável a forma republicana, substituindo esta expressão por "é inalterável a forma democrática de Governo", disse.

"Só depois vale a pena estudar um referendo", para se perguntar aos portugueses "se estão contentes, se o sistema do Presidente da República é bom para o país", quando muitas vezes os presidentes "são eleitos por menos de 20 por cento dos portugueses", disse à Lusa.

Também D. Duarte considerou que o PPM "não tem muita legitimidade para desencadear coisa nenhuma" e descartou qualquer possibilidade de convergência com um partido que se tem centrado no ataque à sua pessoa.

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