O deputado social democrata Pacheco Pereira considerou hoje que as escutas divulgadas mostram que “há uma conspiração” para manipular a imprensa, defendendo que o primeiro ministro tem de dar “esclarecimentos, e muitos”.
“O que estamos a conhecer é uma conspiração, um conluio de responsáveis políticos e responsáveis económicos, com pessoas que funcionam como comissários políticos em diferentes empresas, misturando interesses económicos com interesses políticos, no sentido de manipular aquilo que é o contexto atual da imprensa em Portugal”, uma situação que Pacheco Pereira considera de “grande gravidade”, disse o deputado do PSD à saída de uma reunião da comissão eventual contra a corrupção, de que é vice-presidente.
Pacheco Pereira considera que “as pessoas são livres de emitirem a sua opinião”, mas acredita que a liberdade de expressão seria “condicionada” se “um plano deste tipo fosse levado avante”.
Para o deputado do PSD, está em causa “um objetivo abuso de poder”, destacando que os factos remontam a um momento “em que a preocupação dominante do poder político era o controlo da informação em período pré-eleitoral”.
Questionado sobre se o primeiro ministro deve demitir-se, Pacheco Pereira defendeu que José Sócrates “tem de fazer uma avaliação sobre a sua posição”.
“Já sabemos que mentiu ao Parlamento, o que em qualquer país democrático, é grave”, sustentou o social democrata, defendendo que o primeiro ministro tem de prestar “esclarecimentos cabais sobre o que é que fez, que decisões tomou, que processos permitiu que se desenvolvessem à sua volta“.
Também as pessoas que trabalharam com Sócrates devem “dar esclarecimentos, e muitos”, referiu.
A edição de hoje do semanário Sol volta a transcrever extratos do despacho do procurador João Marques Vidal, responsável pelo caso Face Oculta, em que considera haver “indícios muito fortes” do envolvimento do Governo, “nomeadamente o primeiro ministro”, num plano de controlo de vários meios de Comunicação Social, além da TVI.
Do despacho constam transcrições de escutas telefónicas envolvendo Armando Vara, então administrador do BCP, Paulo Penedos, assessor da PT, dois administradores da mesma empresa e o proprietário da Controlinveste, Joaquim Oliveira.
No âmbito do processo Face Oculta, que investiga alegados casos de corrupção relacionados com empresas privadas e do sector empresarial do Estado, foram constituídos 18 arguidos, incluindo Armando Vara, que suspendeu as suas funções de vice-presidente do BCP, e Paulo Penedos.
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