Todos os anos, o mês de Março é a oportunidade deste encontro ímpar, o festval das Migrações, das Culturas e da Cidadania, verdadeira montra do patchwork cultural e identitário que constituem as comunidades estrangeiras radicadas no Luxemburgo.
De sexta a domingo (de 19 a 21 de Março) decorre na Luxexpo, em Kirchberg, na cidade do Luxemburgo, o 27°Festival das Migrações, das Culturas e da Cidadania.
Todos os anos, o mês de Março é a oportunidade deste encontro ímpar, verdadeira montra do p atchwork cultural e identitário que constituem as comunidades estrangeiras radicadas no Luxemburgo.
O Festival das Migrações é o palco no qual os não-luxemburgueses e o mundo associativo que dele emana exponham a cultura que trouxeram consigo na bagagem quando para aqui imigraram.
Mas longe de ser apenas uma vitrina cultural e lúdica, as comunidades estrangeiras têm imprimido ao evento um cariz e um conteúdo cada vez mais social e político e este passou a ser uma tribuna privilegiada onde o mundo associativo que representa os imigrantes no Grão-Ducado aproveita para lançar, discutir e debater novas formas de diálogo com a sociedade de acolhimento, bem como com as outras comunidades. E assim têm forjado, ao longo dos anos, novos conceitos, novas definições, novos horizontes, novas identidades, novas culturas, um novo Luxemburgo.
Este festival, afirma-o que o conhece, lança anualmente verdadeiras pedras basilares para que juntos, luxemburgueses e não-luxemburgueses, possamos continuar a recriar a ideia do Luxemburgo como país de acolhimento e como nação, sem que seja forçosamente em detrimento (entenda-se "perda de identidade") de uns ou de outros.
Integrado no Festival das Migrações, tem lugar desde o ano 2000 o Salão do Livro e das Culturas.
Ambos os eventos arrancam sexta-feira e decorrem até domingo numa organização do Comité de Ligação das Associações de Estrangeiros (CLAE). Este ano, o festival acolhe mais de 300 stands emanando das cerca de 180 comunidades, culturas e nacionalidades radicadas no Luxemburgo.
Como habitualmente, a cerimónia oficial de abertura do festival tem lugar no sábado, às 15h, no palco principal (hall 3), com uma palavra de boas-vindos do presidente do CLAE, Furio Berardi, seguindo-se o discurso da ministra da Família e da Integração, Marie-Josée Jacobs, e do burgomestre da capital, Paul Helminger, na presença das autoridades, convidados, representantes do corpo diplomático e das associações participantes.
Noite brasileira é momento alto
Este ano, o país em destaque é o Brasil. Assim, os concertos de sábado à noite, dia 20 de Março, acolhem no palco principal do festival, no hall 3, a partir da 21h.no 27° os grupos Aki da Samba, do Luxemburgo, e dois vindos da Alemanha: Brazil Connection e Aquarelas do Brasil. "Aquarelas do Brasil", o que significa o mesmo do que as cores (aguarelas) do Brasil, é já há 15 anos um dos melhores espectáculos de música e danças brasileiras na Europa. O grupo, que se faz acompanhar pela sua orquestra Brazil Connection, convida o público a descobrir as culturas do Brasil (Entrada: 5 euros).
Tubo de ensaio para uma mundialização mais humana
Para o CLAE, que organiza o Festival das Migrações desde 1981, o evento reivindica-se cada vez mais como "uma manta de retalhos", um tubo de ensaio, plataforma privilegiada para "uma mestiçagem cultural" que "permite reduzir a descontinuidade do Mundo", pode ler-se no manifesto de intenções desta 27a edição.
O mundo, em rápida transformação, em pleno processo de mundialização, vai alterando, considera Jean-Phillippe Ruiz, do CLAE, "os intercâmbios, as heranças, as memórias, as tradições, as identidades" e até "os tempos colectivos, os hábitos e os rituais", que parecem "desvanecer-se em nações que se reinventam(…), se supranacionalizam (…) ou procuram um equilíbrio entre fé e razão (…)".
Tudo isso conduz, ainda segundo os responsáveis do CLAE, à "recomposição das referências políticas, das solidariedades e obriga a redefinir conceitos como a cidadania". A cidadania que é precisamente um dos títulos que o festival assumiu desde o ano de 2000.
O CLAE pretende assim afirmar que preconiza a integração pela cidadania de todos os estrangeiros do país. O CLAE defende ainda que o evento é primordial nesse sentido, pois promove o encontro e o debate entre as associações, visitantes, artistas, escritores, autóctones e alóctones, todos os que vivem neste país.
É esta promoção e dinamização da interculturalidade e esta interacção que contribuem, defende o CLAE, para "discutir, tecer, tricotar, experimentar novos conceitos de identidade e de cidadania" e até para redefinir relações intercomunitárias e internacionais.
JLC
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