Trânsito caótico, as principais linhas de metro encerradas e "toda a gente agarrada" ao telemóvel é o retrato da capital russa, quatro horas após os atentados, traçado hoje à Lusa por João Mendonça, que reside em Moscovo.
Os dois atentados terroristas, ocorridos em duas estações de metro, foram realizados por duas mulheres suicidas, que carregavam cada uma carga explosiva de três quilos, anunciou o Serviço Federal de Segurança da Rússia.
O Ministério para Situações de Emergência da Rússia anunciou que a explosão na estação de Lubianka provocou 23 mortos e 18 feridos, enquanto o outro atentado do mesmo tipo, na estação de Park Kulturi, fez 12 mortos e 15 feridos.
O rumor sobre as duas suicidas corria já antes da confirmação oficial, adiantou o também leitor do Instituto Camões em Moscovo, acrescentando que se admitia ainda a possibilidade de as bombas terem sido acionadas por SMS.
"A linha de metro escolhida para as explosões é usada por cerca de um milhão de habitantes por dia", detalhou João Mendonça, adiantando que ao longo dela estão situadas a maior parte das universidades de Moscovo.
"A cidade está relativamente caótica porque a linha vermelha [a principal e que atravessa a cidade de norte a sul] e a linha circular foram canceladas, para [se] poderem encaminhar os socorros" e "já alguns acessos terrestres foram cancelados nesses sentidos", acrescentou o português, que habita perto da estação de metro Prospekt Mir, dada também como alvo do atentado, embora esta informação tenha já sido desmentida pela polícia.
O retrato de Moscovo é "trânsito a mais, pessoas à procura de acessos alternativos para poderem chegar ao trabalho e muitas pessoas ao telefone e a receberem SMS", relatou João Mendonça, acrescentando que "se fosse num país da Europa o pânico seria maior. Infelizmente, o país já está habituado a este tipo de situações", salientou o português.
João Mendonça, que esta manhã se deslocou da sua residência para a Universidade Estatal de Relações Internacionais de Moscovo, adiantou que entrou em contacto apenas com um amigo português, residente noutra cidade russa, e que, maioritariamente, os habitantes da capital russa estão a tentar chegar aos seus locais de trabalho.
"Há uma colega que ligou a cancelar a aula ao fim da tarde, em outra universidade, e aconselhou os estudantes a ficarem em casa" mas esta, frisou, "será uma medida de caráter excecional".
As autoridades russas abriram uma investigação sobre possíveis atentados terroristas e corrigiram as informações iniciais sobre as explosões de hoje de manhã no metro de Moscovo.
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