O primeiro ministro afirmou hoje, em resposta a uma questão do PSD, que o Governo vai manter a sua política de obras públicas, incluindo quanto à alta velocidade ferroviária (TGV) e ao novo aeroporto de Lisboa.
Na resposta ao PSD, durante o debate quinzenal no Parlamento, José Sócrates afirmou que o seu Governo "não entra em desnorte nem muda de orientação política apenas porque há um ataque especulativo".
"A nossa política de obras públicas visa, em primeiro lugar, investimento nas barragens e nas escolas, mas também em infraestruturas de modernização que nos permitam ligar melhor ao coração da Europa e aos mercados europeus. E vamos manter-nos firmes nessa política, porque essa política é uma política que dá emprego", acrescentou.
Antes, o líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, tinha defendido que "o país não tem dinheiro" para "obras como o TGV, o aeroporto, a terceira travessia sobre o Tejo e concessões rodoviárias" e que estas "devem ser adiadas".
Se forem prosseguidas, isso será "um sinal contraditório e negativo para os mercados" e uma injustiça para os portugueses, a quem são pedidos sacrifícios, argumentou o líder parlamentar do PSD.
Miguel Macedo apontou uma "contradição lamentável" entre a promessa do ministro das Finanças de que as obras públicas iam ser reavaliadas e a posterior declaração do ministro das Obras Públicas "de que afinal tudo se ia manter".
"Ponha ordem na casa", pediu o ao primeiro ministro.
Na resposta, além de afirmar que não vai "mudar de orientação, em particular, em matérias de investimento público que o Governo já tinha assumido compromissos firmes com as empresas", o primeiro ministro alegou que o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, concorda com a construção do TGV e do novo aeroporto.
"A verdade é que entre a liderança do seu partido e o Governo não há diferenças relativamente ao TGV e ao aeroporto", alegou José Sócrates, depois de citar excertos do livro "Mudar", de Pedro Passos Coelho.
"Nós estamos muito convencidos de que isso é importante para a modernização da economia, das infraestruturas portuguesas e para a criação de emprego", acrescentou.
Segundo José Sócrates, Passos Coelho escreveu que o aeroporto "deve avançar de acordo com o calendário previsto" e o TGV "deve prosseguir na medida em que permita a ligação à rede de alta velocidade espanhola e europeia".
Com o seu tempo esgotado, Miguel Macedo pediu "dois ou três segundos" para responder ao primeiro ministro, o que foi consentido pelo presidente da Assembleia da República.
"Pode citar tudo o que o líder do meu partido escreveu. Não há nenhum problema em relação a isso. O que eu aqui disse é que o nosso entendimento, e mantenho-o, é que estas grandes obras públicas devem ser adiadas, porque nós não ignoramos as condições em que hoje estamos em termos de escassez de dinheiro para financiar obras públicas", respondeu.
"Temos menos dinheiro e o dinheiro está mais caro. E nós não queremos contribuir para um endividamento ainda maior e irresponsável do país com uma fatura para ser paga pelas gerações futuras", completou o social democrata.
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