O partido luxemburguês "Déi Lénk" (A Esquerda) afirmou hoje ao final da manhã que não exclui pedir a demissão do ministro da Segurança Social, Mars Di Bartolomeo (na foto), devido à polémica em torno do investimento em armamento por parte de um fundo do seu ministério.
"Mais do que apurar responsabilidades penais, é preciso apurar as responsabilidades políticas. Deve Mars Di Bartolomeo demitir-se ou não", lançou o esquerdista Serge Urbany hoje em conferência de imprensa.
No dia 19 do mês passado, o deputado do "Déi Lénk", André Hoffman, acusou, numa questão parlamentar, o fundo de compensação (FDC) da Segurança Social do Estado luxemburguês de investir em empresas que fabricam bombas de fragmentação.
A questão foi dirigida aos ministros dos Negócios Estrangeiros, Jean Asselborn, e da Segurança Social, Mars Di Bartolomeo, os quais "ainda não responderam", confirmou hoje Hoffman, que diz aguardar pela reposta dos dois para avançar com moções concretas numa interpelação parlamentar, que pode vir a incluir o pedido de demissão do ministro da Segurança Social.
O deputado do "Déi Lénk" sublinha que há "clara violação do direito nacional e internacional".
Recorde-se que o Parlamento luxemburguês ratificou em 2009 a convenção internacional contra a utilização deste tipo de armas, assinada em Oslo em 3 de Dezembro de 2008 e em vigor desde 1 de Agosto deste ano.
O assessor parlamentar de Hoffman, Marc Baum, que descobriu o imbróglio do Ministèrio da Segurança Social, diz que "a situação é ainda mais grave por se tratar de um fundo público".
Marc Baum considera as declarações do presidente do FDC, Robert Kieffer, "um escândalo". Em declarações ao "Le Quotidien", Kieffer disse desconhecer qualquer ligação da instituição com fabricantes de bombas de fragmentação.
André Hoffman diz não ter ficar surpreendido com tais declarações. Para Hoffman, Kieffer abrigou-se debaixo da legislação que prevê sanções para estas situações (5 a 10 anos de prisão e 25 mil a 1 milhão de euros de multa), mas só em casos "de conhecimento de causa".
Hoffman relembra que numa reunião com Robert Kieffer e Mars Di Bartolomeo, lhe fora assegurado por ambos que não haveria problemas de transparência, porque iria haver "um relatório todos os seis meses publicado na internet".
"A transparência deles é tão grande, que nem eles próprios sabem onde investem", remata Hoffman.
O deputado esquerdista fez saber que vai ainda propor um novo modelo no que respeita à gestão das reservas da Segurança Social, isto é, acabar com a actual "política de aplicações financeiras que obedece a uma lógica perversa".
Além disso, o partido "Déi Lénk" vai propor que se investiga se há ou não bancos na praça financeira do Luxemburgo que se dedicam ao mesmo tipo de investimentos.
Foto: Serge Waldbillig
Sem comentários:
Enviar um comentário